Notícias do Movimento Espírita São Paulo, SP, quarta-feira, 21 de janeiro de 2015 Compiladas por Ismael Gobbo |
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O Evangelho Segundo o Espiritismo- Cap. XIII, 16 |
Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita |
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Heigorina Cunha, sobrinha de Eurípedes
Barsanulfo, iniciou-se no movimento espírita aos 7 anos confeccionando
enxovais: Leia entrevista com Heigorina aqui: http://ismaelgobbo.blogspot.com.br/2010/08/focalizando-o-trabalhador-espirita_22.html |
Nossa homenagem |
Biografia: Amélie Gabrielle Boudet 23-11-1795 / 21-01-1883 |
Amélie Gabrielle Boudet Imagem internet
Madame Rivail (Sra. Allan Kardec) nasceu em Thiais, cidade do menor e mais populoso Departamento francês – o Sena, aos 2 do Frimário do ano IV, segundo o Calendário Republicano então vigente na França, e que corresponde a 23 de Novembro de 1795. Filha de Julien-Louis Boudet, proprietário e antigo tabelião, homem portanto bem colocado na vida, e de Julie-Louise Seigneat de Lacombe, recebeu, na pia batismal o nome de Amélie-Gabrielle Boudet. A menina Amélie, filha única, aliando desde cedo grande vivacidade e forte interesse pelos estudos, não foi um problema para os pais, que, a par de fina educação moral, lhe proporcionaram apurados dotes intelectuais. Após cursar o colégio primário, estabeleceu-se em Paris com a família, ingressando numa Escola Normal, de onde saiu diplomada em professora de 1ª . classe. Revela-nos o Dr. Canuto de Abreu que a senhorinha Amelie também foi professora de Letras e Belas Artes, trazendo de encarnações passadas a tendência inata, por assim dizer, para a poesia e o desenho. Culta e inteligente, chegou a dar à luz três obras, assim nomeadas: “Contos Primaveris”, 1825; “Noções de Desenho”, 1826; “O Essencial em Belas Artes”, 1828. Vivendo em Paris, no mundo das letras e do ensino, quis o Destino que um dia a Srta. Amélie Boudet deparasse com o Professor Hippolyte Denizard Rivail. De estatura baixa, mas bem proporcionada, de olhos pardos e serenos, gentil e graciosa, vivaz nos gestos e na palavra, denunciando inteligência admirável, Amélie Boudet, aliando ainda a todos esses predicados um sorriso terno e bondoso, logo se fez notar pelo circunspecto Prof. Rivail, em quem reconheceu, de imediato, um homem verdadeiramente superior, culto, polido e reto. Em 6 de Fevereiro de 1832, firmava-se o contrato de casamento. Amélie Boudet, tinha nove anos mais que o Prof. Rivail, mas tal era a sua jovialidade física e espiritual, que a olhos vistos aparentava a mesma idade do marido. Jamais essa diferença constituiu entrave à felicidade de ambos. Pouco tempo depois de concluir seus estudos com Pestalozzi, no famoso castelo suíço de Zahringen (Yverdun), o Prof. Rivail fundara em Paris um Instituto Técnico, com orientação baseada nos métodos pestalozzianos. Madame Rivail associou-se ao esposo na afanosa tarefa educacional que ele vinha desempenhando no referido Instituto havia mais de um lustro. Grandemente louvável era essa iniciativa humana e patriótica do Prof. Rivail, pois, não obstante as leis sucessivas decretadas após a Revolução Francesa em prol do ensino, a instrução pública vivia descurada do Governo, tanto que só em 1833, pela lei Guizot, é que oficial e definitivamente ficaria estabelecido o ensino primário na França. Em 1835, o casal sofreu doloroso revés. Aquele estabelecimento de ensino foi obrigado a cerrar suas portas e a entrar em liquidação. Possuindo, porém, esposa altamente compreensiva, resignada e corajosa, fácil lhe foi sobrepor-se a esses infaustos acontecimentos. Amparando-se mutuamente, ambos se lançaram a maiores trabalhos. Durante o dia, enquanto Rivail se encarregava da contabilidade de casas comerciais, sua esposa colaborava de alguma forma na preparação dos cursos gratuitos que haviam organizado na própria residência, e que funcionaram de 1835 a 1840. À noite, novamente juntos, não se davam a descanso justo e merecido, mas improdutivo. O problema da instrução às crianças e aos jovens tornara-se para Prof. Rivail, como o fora para seu mestre Pestalozzi, sempre digno da maior atenção. Por isso, até mesmo as horas da noite ele as dividia para diferentes misteres relacionados com aquele problema, recebendo em todos a cooperação talentosa e espontânea de sua esposa. Além de escrever novas obras de ensino, que, aliás, tiveram grande aceitação, o Prof. Rivail realizava traduções de obras clássicas, preparava para os cursos de Lévi-Alvarès, freqüentados por toda a juventude parisiense do bairro de São Germano, e se dedicava ainda, em dias certos da semana, juntamente com sua esposa, a professorar as matérias estatuídas para os já referidos cursos gratuitos. “Aquele que encontrar uma mulher boa, encontrará o bem e achará gozo no Senhor” - disse Salomão. Amélie Boudet era dessas mulheres boas, nobres e puras, e que, despojadas das vaidades mundanas, descobrem no matrimônio missões nobilitantes a serem desempenhadas. Nos cursos públicos de Matemáticas e Astronomia que o Prof. Rivail bi-semanalmente lecionou, de 1843 a 1848, e aos quais assistiram não só alunos, que também professores, no “Liceu Polimático” que fundou e dirigiu até 1850, não faltou em tempo algum o auxilio eficiente e constante de sua dedicada consorte. Todas essas realizações e outras mais, a bem do povo, se originaram das palestras costumeiras entre os dois cônjuges, mas, como salientou a Condessa de Ségur, deve-se principalmente à mulher, as inspirações que os homens concretizam. No que toca à Madame Rivail, acreditamos que em muitas ocasiões, além de conselheira, foi ela a inspiradora de vários projetos que o marido pôs em execução. Aliás, é o que nos confirma o Sr. P. J. Leymarie (que com ambos privara) ao declarar que Kardec tinha em grande consideração as opiniões de sua esposa. Graças principalmente às obras pedagógicas do professor Rivail, adotadas pela própria Universidade de França, e que tiveram sucessivas edições, ele e senhora alcançaram uma posição financeira satisfatória. O nome Denizard Rivail tornou-se conhecido nos meios cultos e além do mais bastante respeitado. Estava aberto para ele o caminho da riqueza e da glória, no terreno da Pedagogia. Sobrar-lhe-ia, agora, mais tempo para dedicar-se à esposa, que na sua humildade e elevação de espírito jamais reclamara coisa alguma. A ambos, porém, estava reservada uma missão, grandiosa pela sua importância universal, mas plena de exaustivos trabalhos e dolorosos espinhos. O primeiro toque de chamada verificou-se em 1854, quando o Prof. Rivail foi atraído para os curiosos fenômenos das “mesas girantes”, então em voga no Mundo todo. Outros convites do Além se seguiram, e vemos, em meados de 1855, na casa da Família Baudin, o Prof. Rivail iniciar os seus primeiros estudos sérios sobre os citados fenômenos, entrevendo, ali, a chave do problema que durante milênios viveu na obscuridade. Acompanhando o esposo nessas investigações, era de se ver a alegria emotiva com que ela tomava conhecimento dos fatos que descerravam para a Humanidade novos horizontes de felicidade. Após observações e experiências inúmeras, o professor Rivail pôs mãos à maravilhosa obra da Codificação, e é ainda de sua cara consorte, então com 60 anos, que ele recebe todo o apoio moral nesse cometimento. Tornou-se ela verdadeira secretária do esposo, secundando-o nos novos e bem mais árduos trabalhos que agora lhe tomavam todo o tempo, estimulando-o, incentivando-o no cumprimento de sua missão. Sem dúvida, os espíritas, muito devemos a Amélie Boudet e estamos de acordo com o que acertadamente escreveu Samuel Smiles: os supremos atos da mulher geralmente permanecem ignorados, não saem à luz da admiração do mundo, porque são feitos na vida privada, longe dos olhos do público, pelo único amor do bem. O nome de Madame Rivail enfileira-se assim, com muita justiça, entre os de inúmeras mulheres que a História registrou como dedicadas e fiéis colaboradoras dos seus esposos, sem as quais talvez eles não levassem a termo as suas missões. Tais foram, por exemplo, as valorosas esposas de Lavoisier, de Buckland, de Flaxman, de Huber, de Sir William Hamilton, de Stuart Mill, de Faraday, de Tom Hood, de Sir Napier, de Pestalozzi, de Lutero, e de tantos outros homens de gênio. A todas essas Grandes Mulheres, além daquelas muito esquecidas pela História, a Humanidade é devedora eterna! Lançado O Livro dos Espíritos, da lavra de Allan Kardec, pseudônimo que tomou o Prof. Rivail, este, meses depois, a 1o. de Janeiro de 1858, com o apoio tão somente de sua esposa, deu a lume o primeiro número da “Revue Spirite”, periódico que alcançou mais de um século de existência grandemente benéfica ao Espiritismo. Havia cerca de seis meses que na residência do casal Rivail, então situada à Rua dos Mártires n. 8, se efetuavam sessões bastante concorridas, exigindo da parte de Madame Rivail uma série de cuidados e atenções, que por vezes a deixavam extenuada. O local chegou a se tornar apertado para o elevado número de pessoas que ali compareciam, de sorte que em Abril de 1858 Allan Kardec fundava, fora do seu lar, a “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”. Mais uma obra de grave responsabilidade! Tomar tais iniciativas naquela recuada época, em que o despotismo clerical ainda constituía uma força, não era tarefa para muitos. Havia necessidade de larga dose de devotamento, firmeza de vistas e verdadeiro espírito de sacrifício. Ao casal Rivail é que coube, apesar de todos os escolhos e perigos que se lhe deparariam em a nova estrada, empreender, com a assistência e proteção do Alto, a maior revolução de idéias de que se teve notícia nos meados do século XIX. Allan Kardec foi alvo do ódio, da injúria, da calúnia, da inveja, do ciúme e do despeito de inimigos gratuitos, que a todo custo queriam conservar a luz sob o alqueire. Intrigas, traições, insultos, ingratidões, tudo de mal cercou o ilustre reformador, mas em todos os momentos de provas e dificuldades sempre encontrou, no terno afeto de sua nobre esposa, amparo e consolação, confirmando-se essas palavras de Simalen: “A mulher é a estrela de bonança nos temporais da vida.” Com vasta correspondência epistolar, proveniente da França e de vários outros países, não fosse a ajuda de sua esposa nesse setor, sem dúvida não sobraria tempo para Allan Kardec se dedicar ao preparo dos livros da Codificação e de sua revista. Uma série de viagens ( em 1860, 1861, 1862, 1864, etc, ) realizou Kardec, percorrendo mais de vinte cidades francesas, além de várias outras da Suíça e da Bélgica, em todas semeando as idéias espíritas. Sua veneranda consorte, sempre que suas forças lhe permitiam, acompanhou-o em muitas dessas viagens, cujas despesas, cumpre informar, corriam por conta do próprio casal. Parafraseando o escritor Carlyle, poder-se-ia dizer que Madame Allan Kardec, pelo espaço de quase quarenta anos, foi a companheira amante e fiel do seu marido, e com seus atos e suas palavras sempre o ajudou em tudo quanto ele empreendeu de digno e de bom. Aos 31 de Março de 1869, com 65 anos de idade, desencarnava, subitamente, Allan Kardec, quando ultimava os preparativos para a mudança de residência. Foi uma perda irreparável para o mundo espiritista, lançando em consternação a todos quantos o amaram. Madame Allan Kardec, quer partilhara com admirável resignação as desilusões e os infortúnios do esposo, agora, com os cabelos nevados pelos seus 74 anos de existência e a alma sublimada pelos ensinos dos Espíritos do Senhor, suportaria qualquer realidade mais dura. Ante a partida do querido companheiro para a Espiritualidade, portou-se como verdadeira espírita, cheia de fé e estoicismo, conquanto, como é natural, abalada no profundo do ser. No cemitério de Montmartre, onde, com simplicidade, aos 2 de Abril se realizou o sepultamento dos despojos do mestre, comparecia uma multidão de mais de mil pessoas. Discursaram diversos oradores, discípulos dedicados de Kardec, e por último o Sr. E. Muller, que logo no princípio do seu elogio fúnebre ao querido extinto assim se expressou: “Falo em nome de sua viúva, da qual lhe foi companheira fiel e ditosa durante trinta e sete anos de felicidade sem nuvens nem desgostos, daquela que lhe compartiu as crenças e os trabalhos, as vicissitudes e as alegrias, e que se orgulhava da pureza dos costumes, da honestidade absoluta e do desinteresse sublime do esposo; hoje, sozinha, é ela quem nos dá a todos o exemplo de coragem, de tolerância, do perdão das injúrias e do dever escrupulosamente cumprido.” Madame Allan Kardec recebeu da França e do estrangeiro, numerosas e efusivas manifestações de simpatia e encorajamento, o que lhe trouxe novas forças para o prosseguimento da obra do seu amado esposo. Desejando os espiritistas franceses perpetuar num monumento o seu testemunho de profundo reconhecimento à memória do inesquecível mestre, consultaram nesse sentido a viúva, que, sensibilizada com aqueles desejos humanos mas sinceros, anuiu, encarregando desde logo uma comissão para tomar as necessárias providências. Obedecendo a um desenho do Sr. Sebille, foi então levantado no cemitério do Père-Lachaise um dólmen, constituído de três pedras de granito puro, em posição vertical, sobre as quais se colocou uma quarta pedra, tabular, ligeiramente inclinada, e pesando seis toneladas. No interior deste dólmen, sobre uma coluna também de pedra, fixou-se um busto, em bronze, de Kardec. Esta nova morada dos despojos mortais do Codificador foi inaugurada em 31 de Março de 1870 , e nessa ocasião o Sr. Levent, vicepresidente da “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”, discursou, a pedido de Madame Allan Kardec, em nome dela e dos amigos. Cerca de dois meses após o decesso do excelso missionário de Lyon, sua esposa, no desejo louvável de contribuir para a realização dos plano futuros que ele tivera em mente, e de cujas obras, revista e Livraria passou a ser a única proprietária legal, houve por bem, no interesse da Doutrina, conceder todos os anos certa verba para uma “Caixa Geral do Espiritismo”, cujos fundos seriam aplicados na aquisição de propriedades, a fim de que pudessem ser remediadas quaisquer eventualidades futuras. Outras sábias decisões foram por ela tomadas no sentido de salvaguardar a propaganda do Espiritismo, sendo, por isso, bastante apreciado pelos espíritas de todo o Mundo o seu nobre desinteresse e devotamento. Apesar de sua avançada idade, Madame Allan Kardec demonstrava um espírito de trabalho fora do comum, fazendo questão de tudo gerir pessoalmente, cuidando de assuntos diversos, que demandariam várias cabeças. Além de comparecer à reuniões, para as quais era convidada, todos os anos presidia à belíssima sessão em que se comemorava o Dia dos Mortos, e na qual, após vários oradores mostrarem o que em verdade significa a morte à luz do Espiritismo, expressivas comunicações de Espíritos Superiores eram recebidas por diversos médiuns. Se Madame Allan Kardec – conforme se lê em Revue Spirite de 1869 – se entregasse ao seu interesse pessoal, deixando que as coisas andassem por si mesmas e sem preocupação de sua parte, ela facilmente poderia assegurar tranqüilidade e repouso à sua velhice. Mas, colocando-se num ponto de vista superior, e guiada, além disso, pela certeza de que Allan Kardec com ela contava para prosseguir, no rumo já traçado, a obra moralizadora que lhe foi objeto de toda a solicitude durante os últimos anos de vida, Madame Allan Kardec não hesitou um só instante. Profundamente convencida da verdade dos ensinos espíritas, ela buscou garantir a vitalidade do Espiritismo no futuro, e, conforme ela mesma o disse, melhor não saberia aplicar o tempo que ainda lhe restava na Terra, antes de reunirse ao esposo. Esforçando-se por concretizar os planos expostos por Allan Kardec em “Revue Spirite” de 1868, ela conseguiu, depois de cuidadosos estudos feitos conjuntamente com alguns dos velhos discípulos de Kardec, fundar a “Sociedade Anônima do Espiritismo”. Destinada à vulgarização do Espiritismo por todos os meios permitidos pelas leis, a referida sociedade tinha, contudo, como fito principal, a continuação da “Revue Spirite”, a publicação das obras de Kardec e bem assim de todos os livros que tratassem do Espiritismo. Graças, pois, à visão, ao empenho, ao devotamento sem limites de Madame Allan Kardec, o Espiritismo cresceu a passos de gigante, não só na França, que também no Mundo todo. Estafantes eram os afazeres dessa admirável mulher, cuja idade já lhe exigia repouso físico e sossego de espírito. Bem cedo, entretanto, os Céus a socorreram. O Sr. P. G. Leymarie, um dos mais fervorosos discípulos de Kardec desde 1858, médium, homem honesto e trabalhador incansável, assumiu em 1871 a gerência da Revue Spirite e da Livraria, e logo depois, com a renúncia dos companheiros de administração da sociedade anônima, sozinho tomou sob os ombros os pesados encargos da direção. Daí por diante, foi ele o braço direito de Madame Allan Kardec, sempre acatando com respeito as instruções emanadas da venerável anciã, permitindo que ela terminasse seus dias em paz e confiante no progresso contínuo do Espiritismo. Parecendo muito comercial, aos olhos de alguns espíritas puritanos, o título dado à Sociedade, Madame Allan Kardec, que também nunca simpatizara com esse título, mas que o aceitara por causa de certas conveniências, resolveu, na assembléia geral de 18 de Outubro de 1873, dar-lhe novo nome: “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”, satisfazendo com isso a gregos e troianos. Muito ainda fez essa extraordinária mulher a prol do Espiritismo e de todos quantos lhe pediam um conselho ou uma palavra de consolo, até que em 21 de Janeiro de 1883, às 5 horas da madrugada, docemente, com rara lucidez der espírito, com aquele mesmo gracioso e meigo sorriso que sempre lhe brincava nos lábios, desatou-se dos últimos laços que a prendiam à matéria. A querida velhinha tinha então 87 anos, e nessa idade, contam os que a conheceram, ainda lia sem precisar de óculos e escrevia ao mesmo tempo corretamente e com letra firme. Aplicando-lhe as expressões de célebre escritor, pode-se dizer, sem nenhum excesso, que “sua existência inteira foi um poema cheio de coragem, perseverança, caridade e sabedoria”. Compreensível, pois, era a consternação que atingiu a família espírita em todos os quadrantes do globo. De acordo com o seus próprios desejos, o enterro de Madame Allan Kardec foi simples e espiriticamente realizado, saindo o féretro de sua residência, na Avenida e Vila Ségur n. 39, para o Père-Lachaise, a 12 quilômetros de distância. Grande multidão, composta de pessoas humildes e de destaque, compareceu em 23 de Janeiro às exéquias junto ao dólmen de Kardec, onde os despojos da velhinha foram inumados e onde todos os anos, até à sua desencarnação, ela compareceu às solenidades de 31 de março. Na coluna que suporta o busto do Codificador foram depois gravados, à esquerda, esses dizeres em letras maiúsculas: AMÈLIE GABRIELLE BOUDET – VEUVE ALLAN KARDEC – 21 NOVEMBRE 1795 – 21 JANVIER 1883. No ato do sepultamento falaram os Srs. P.G. Leymarie, em nome de todos os espíritas e da “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”, Charles Fauvety, ilustre escritor e presidente da “Sociedade Científica de Estudos Psicológicos”, e bem assim representantes de outras Instituições e amigos, como Gabriel Delanne, Cot, Carrier, J. Camille Chaigneau, poeta e escritor, Lecoq, Georges Cochet, Louis Vignon, que dedicou delicados versos à querida extinta, o Dr. Josset e a distinta escritora, a Sra. Sofia Rosen-Dufaure, todos fazendo sobressair os reais méritos daquela digna sucessora de Kardec. Por fim, com uma prece feita pelo Sr. Warroquier, os presentes se dispersaram em silêncio. A nota mais tocante daquelas homenagens póstumas foi dada pelo Sr. Lecoq. Leu ele, para alegria de todos, bela comunicação mediúnica de Antonio de Pádua, recebida em 22 de Janeiro, na qual esse iluminado Espírito descrevia a brilhante recepção com que elevados Amigos do Espaço, juntamente com Allan Kardec, acolheram aquele ser bem aventurado. No improviso do Sr. P.G. Leymarie, este relembrou, em traços rápidos, algo da vida operosa da veneranda extinta, da sua nobreza d'alma, afirmando, entre outras coisas, que a publicação tanto de O Livro dos Espíritos, quanto da Revue Spirite, se deveu em grande parte à firmeza de ânimo, à insistência, à perseverança de Madame Allan Kardec. Não deixando herdeiros diretos, pois que não teve filhos, por testamento fez ela sua legatária universal a “Sociedade para Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”. Embora uma parenta sua, já bem idosa, e os filhos desta intentassem anular essas disposições testamentárias, alegando que ela não estava em perfeito juízo, nada, entretanto, conseguiram, pois as provas em contrário foram esmagadoras. Em 26 de Janeiro de 1883, o conceituado médium parisiense Sr. E. Cordurié recebia espontaneamente uma mensagem assinada pelo Espírito de Madame Allan Kardec, logo seguida de outra, da autoria de seu esposo. Singelas na forma, belas nos conceitos, tinham ainda um sopro de imortalidade e comprovavam que a vida continua... Fonte: WANTUIL, Zêus, Grandes Espíritas do Brasil, p. 51
(O texto foi copiado do site FEBNET) |
Ilustração artística retratando Allan Kardec e sua esposa Amelie Gabrielle Boudet. Do acervo do CEI-Conselho Espírita Internacional. Apresentada em 2004 no Congresso Espírita Mundial Imagem copiada de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9lie_Gabrielle_Boudet#mediaviewer/File:A._Kardec_et_A._Boudet.jpg |
Salão parisiense com as “Mesas Girantes”. Ilustração da revista “L’Illustration”, de 1853. Imagem/fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mesas_girantes#mediaviewer/File:Tables_tournantes_1853.jpg |
A 1ª. Edição de “O Livro dos Espíritos” foi lançada em 18-04-1857 Imagem: internet |
Túmulo em forma de dólmen druida de Allan Kardec e de sua esposa Amelie Gabrielle Boudet, no Cemitério Père Lachaise, em Paris, França. Foto Ismael Gobbo |
Turista orando com a mão postada sobre o busto de Allan Kardec no Cemitério Pére Lachaise, em Paris, França. No dólmen de inspiração druida estão sepultados Allan Kardec e sua esposa Amelie Gabrielle Boudet. .Foto Ismael Gobbo |
Placa afixada pela Prefeitura de Paris na parede de trás do dólmen de Allan Kardec e de sua esposa e colaboradora Amelie Gabrielle Boudet, no Cemitério Père Lachaise. Foto Ismael Gobbo |
Evento na Mansão do Caminho no período de Carnaval 2015 Salvador, BA |
(Informação recebida em email de Giovana Campos) |
IDE – Curso para Evangelizações. Atenção: últimas vagas Araras, SP |
(Informação recebida em email de EVANGELIZAR IDE [evangelizar_ide@ig.com.br]) |
Palestra programada para o Núcleo Espírita Chico Xavier Niterói, RJ |
O Núcleo
Espírita Chico Xavier iniciará o Ciclo de Palestras de 2015 com Jano Alves de
Souza, apresentando o tema "Jesus e a samaritana".
Fraternalmente.
Núcleo Espírita Chico
Xavier - NECX
(Informação recebida em email de mphungria@gmail.com; em nome de; Núcleo Espírita Chico Xavier [necx.espiritismo@gmail.com]) |
Programações do C.E. Seara dos Pobres Florianópolis, SC |
(Informações recebidas em emails de seara-espirita@googlegroups.com; em nome de; Jefferson Jornalista [colunaonline@gmail.com]) |
Palestra programada para o C.E. Francisco Cândido Xavier São José do Rio Preto, SP |
Meus amigos, Convidamos para a palestra de
DIVALDINHO MATOS,
de Votuporanga, no Centro Espírita Francisco Cândido Xavier, situado à Av. Alfredo Theodoro de Oliveira, 2195 - Solo Sagrado, São José do Rio Preto - SP, nesta quarta-feira, 21 de janeiro, 20:00 h, e também para o cafezinho fraterno. Abraços.
Navarro
(Informação recebida em email de Antonio Carlos Navarro) |
Palestra no C.E. Capitão Vendramini Três Corações, MG |
(Informações recebidas em email de Centro Espírita Capitão Vendramini [cevendramini@gmail.com]) |
Oferta de lançamento da Revista Espírita -1860 (espanhol) |
Mais um número para sua coleção!
Na compra de um exemplar, você leva de graça um DVD do pianista e tradutor Enrique Baldovino nas comemorações dos 110 anos da Federação Espírita do PR.
Contatos: deak_allankardec@yahoo.com.br
ou: https://www.facebook.com/distribuidoradelivros.allankardec
Saudações fraternas.
Regina Baldovino DEAK/STI
(Informação recebida em email de Regina Helena Baldovino [reginabaldovinodefoz@uol.com.br]) |
Visite a página no Facebook do Lar da Caridade/ Hospital do Fogo Selvagem |
ACESSE: https://www.facebook.com/groups/285724704867396/permalink/644389769000886/
|
LEIA ENTREVISTA COM DONA APARECIDA CONCEIÇÃO FERREIRA (DONA CIDA) FUNDADORA DO HOSPITAL DO FOGO SELVAGEM
ACESSE: http://ismaelgobbo.blogspot.com.br/2014/03/entrevista-por-ismael-gobbo-aparecida.html
d. Aparecida Conceição Ferreira Foto Ismael Gobbo |
Programação no Grupo Espírita Maria de Nazaré Rio de Janeiro, RJ |
Curso
de Espiritismo Revisitando a Bíblia Sagrada à Luz do Movimento Evangélico
Atual.
(Informação repassada em email por Luis Hu Rivas) |
Palestra no Centro Espírita “Jesus” Salto, SP |
(Informação recebida em email de sonia [sonia-radica@uol.com.br]) |
Notícias divulgadas pelo site da USE de São José dos Campos, SP |
Confira as notícias nos links abaixo:
Palestras:
Palestra e Seminário com Orson Peter Carrara em Jacareí
Cursos:
COMEVALPinha 2015: 15 a 17 de fevereiro em Taubaté.
Gestão de Centros Espíritas – Curso online promovido pela FEB.
Outros: Tarde da psicografia em Jacareí - 07/03/2015 -- ----- Divulgue os eventos de sua casa espírita no Portal dos Espíritas de SJCampos e Região através de nosso email: contato@use-sjc.org
UNIÃO das Sociedades Espíritas - USE Intermunicipal de São José dos Campos
(Informação repassada em email pela USE Taubaté) |
Site “A Voz do Espiritismo” Araçatuba, SP |
Acesse aqui: www.avozdoespiritismo.com.br
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Solução simplista |
Richard Simonetti
A execução de um brasileiro, na Indonésia, acusado de contrabando de drogas, revive a velha discussão em torno da pena de morte como um meio de coibir da violência. Seria suficiente a estatística para demonstrar que a pena capital não funciona. Onde foi instituída não houve decréscimo de criminalidade. Além desse e de outros argumentos relevantes, o Espiritismo nos oferece uma visão reencarnacionista da existência humana como um processo educativo em favor da evolução do espírito. Por imaturidade ou rebeldia, o criminoso pode refugar as lições da existência e até mesmo comprometer-se no crime. A pena de morte equivalerá à expulsão da escola, decretada por alunos, que não detêm a competência da direção da escola, formada por mentores espirituais que orientam o planeta. Mas teria ocorrido realmente essa eliminação? Sabemos que não. A execução do criminoso nada mais faz senão torná-lo invisível. Catapultado ao Plano Espiritual, a partir de uma cadeira elétrica, câmara de gás, pelotão de fuzilamento, ou de sumário linchamento, ele se situa, além-túmulo, na condição traumática de um acidentado. Sua readaptação será demorada, difícil, marcada por um período de inconsciência e um despertar tormentoso. Ressentido contra a sociedade que lhe roubou o corpo, poderá, não raro, intentar o revide contra seus condenadores, amparados pela legalidade – os juízes – ou ocultos na ilegalidade – os linchadores e justiceiros. Estes últimos, por se sobreporem à Lei e pela truculência de suas iniciativas, situam-se no mesmo nível vibratório do agressor e dificilmente permanecerão ilesos ante sua pressão. Além disso, obedecendo a iniciativas próprias ou à inspiração de gênios das sombras, ele gravitará em torno de pessoas que guardam as mesmas tendências, justificando comentários assim: – Não sei o que aconteceu comigo. Senti um impulso irresistível de agir daquela forma e acabei cometendo desatinos. Embora não possamos debitar às influências espirituais a agressividade humana, ela é perigosamente fermentada, cresce muito em face desse envolvimento. Melhor, portanto, lidar com o criminoso vivo, visível, vulnerável, segregado em instituições de reeducação, do que enfrentá-lo morto, invisível, inatingível no ódio e no rancor, a fomentar a desordem. O assunto pede reflexões mais profundas. Ninguém ignora que a criminalidade está relacionada com as condições sociais. Quanto mais elevado o desemprego e de pessoas carentes, ao nível da miséria, maior a sua incidência. Quando o estômago grita, o instinto de conservação fala mais alto, sobrepondo-se a disciplinas morais, salvo em Espíritos amadurecidos e conscientes, uma minoria em nosso planeta. Inútil, portanto, cogitar de leis mais severas, de prisões mais amplas, de efetivos policiais mais numerosos, paliativos que apenas minimizam efeitos. Imperioso que nos mobilizemos, socorrendo a população carente, sem esperar por iniciativas governamentais. Enquanto não chegam os bombeiros, urge evitar que o incêndio se alastre. Em nosso próprio beneficio, é preciso demonstrar a esses irmãos em humanidade que sua tragédia existencial não está sendo negligenciada; que há pessoas empenhadas em ajudá-los, em atendê-los em suas necessidades prementes... Uma casa de sopa num bairro humilde, com singelas aulas de moral cristã, faz muito mais em favor da paz social do que a ação ostensiva de viaturas policiais. Estas coíbem precariamente a violência; aquela evita que ela se instale na infância carente, que ali conhece os valores da fraternidade, recebendo um pouco de calor humano, de amor... Uma criança que aprende a importância de fazer ao semelhante o bem que desejaria receber – a fórmula ideal de amar, na sábia orientação de Jesus -– dificilmente se envolverá com o crime na solução de seus problemas. Quando a humanidade assimilar essa lição a pena de morte será definitivamente abolida, não só por ineficiente; sobretudo, por desnecessária.
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Benedita Fernandes (27-06-1883 / 09-10-1947), um dos maiores vultos do movimento espírita brasileiro, com as crianças do Abrigo “João de Deus”, do qual foi fundadora e dirigente. Nesta foto de 27 de junho de 1943, d. Benedita, que costumava viajar e passear com as crianças do Abrigo, faz visita à Aliança Espírita “Varas da Videira”, outra entidade de Araçatuba, SP. Leia biografia de Benedita Fernandes acessando: |
Falando sobre liberdade... |
Almir Del Prette (São Carlos/SEOB)
No capítulo X, de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec centralizou questões sobre o tema liberdade, dando a esse conjunto o título de LEI DE LIBERDADE. Aproximadamente a codificação do Espiritismo inserida em 1857, ocorreu meio século após a revolução francesa (1789-1799), ou seja, os rastros dos ideais de Liberté, Igualité, Fraternité ainda se faziam presentes. A revolução deixou para traz a monarquia absoluta, derrubou a bastilha, conteve o poder dos clérigos, valorizou o trabalho e estendeu a educação escolar aos filhos dos pobres. Contudo, lastimavelmente, tropeçou de imediato na crueldade e ambição de vários de seus idealizadores. Isso não obstante, houve o florescimento das idéias, das artes, da ciência e, certamente fortaleceu uma cultura na qual se movimentou o professor Denizard Rivail e um grupo de intelectuais, que viram nas mesas girantes algo mais sério do que as brincadeiras nos salões. Nesse clima social peculiar, Kardec faz uma série de questões aos espíritos, que trabalharam na codificação, com referência a Lei da Liberdade. Considerando os últimos acontecimentos na França e, em outras partes do mundo, parece-nos interessante revisitar esses capítulos. Passados mais de duzentos anos, às vezes com maior ou menor liberdade, o que reivindicam a maioria dos franceses e dos ocidentais? A maioria aplaudiu entusiasmada a “marcha de Paris”. Entretanto, o episódio contava também com lideranças pouco qualificadas para pousarem de paladinos dos valores da liberdade, Igualdade e fraternidade. A repulsa ao terrorismo uniu a todos em Paris e também em outras partes do mundo. Contudo, outros aspectos desenham uma paisagem menos simétrica. A pergunta que deve ser feita é sobre a compreensão de liberdade dos vários grupos no movimento? Na concepção da Revista Charlie Hebdo que é o centro de atenção, a liberdade corresponde a aceitação de continuar satirizando Maomé. As justificativas não são totalmente convincentes. Compreendendo que o islamismo, como qualquer outro movimento religioso, não forma um agregado único, doutrinariamente homogêneo, mas que todos têm na figura de Maomé seu verdadeiro profeta atacá-lo constitui uma ofensa a todos os grupos, incluindo aqueles que defendem a paz. Por que é tão difícil conceber a liberdade em seu caráter relativista? Por que queremos liberdade absoluta se não a estendemos aos demais? Os imigrantes muçulmanos na França vivem sob várias restrições como, por exemplo, a de não usar seus símbolos religiosos em público. Isso de maneira alguma justifica qualquer ato terrorista, o qual deve ser veementemente reprovado, contudo, há alguns equívocos que precisam ser analisados. O primeiro é sobre a noção de liberdade de consciência. À pergunta 826, sobre qual condição o homem teria liberdade absoluta, os espíritos responderam: “A do eremita no deserto...” Ou seja, a convivência (viver com) impõe limites na liberdade entre as pessoas. O segundo equívoco, derivado do primeiro é, que, o estrangeiro, por sua condição, pode ser tratado forma grosseira e humilhante. No entanto, quando não se caracteriza de entrada ilegal, o estrangeiro tem, na maioria dos países, quase as mesmas prerrogativas e deveres estabelecidos pela legislação, aos demais cidadãos. É sintomático que, conforme ISTO É (17 de janeiro/2015), 60% dos 66 mil prisioneiros na França sejam mulçumanos. Poderíamos fazer uma listagem sobre os maus tratos dispensados aos estrangeiros em vários países do mundo. Pode-se dizer que a maioria dos países comete vários tipos de violações aos direitos humanos, que subscreveram. Por tudo isso e com base no O Livro dos Espíritos parece-nos justificável não apoiar qualquer meio de comunicação, seja de qual for o país, que ofenda, em nome da “liberdade de consciência”, os símbolos de outras religiões.
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Maomé e o Sermão de Despedida. Copia otomana do séc. XVII de uma imagem persa do inicio do séc. XIV Imagem/fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Depictions_of_Muhammad#mediaviewer/File:Maome.jpg |
Editoração: Ismael Gobbo, São Paulo, SP. Envio: Ismael Gobbo, SP, e, Wilson Carvalho Júnior, Araçatuba, SP |
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