Bad
Honnef, 28 e 29 de maio de 2016
Nos
dias 28 e 29 de maio, o médium e orador espírita Divaldo Franco realizou um
seminário na cidade de Bad Honnef, Alemanha, com o tema “A Felicidade É
Possível”, encerrando, assim, a temporada de 30 dias de divulgação do
Espiritismo na Europa, alcançando 9 países e 13 cidades.
O
evento, promovido pela Freundeskreis Allan Kardec Düsseldorf, foi realizado
no auditório do Hotel Seminaris Bad Honnef e contou com a participação de
mais de 280 pessoas em cada dia. Todo o seminário foi traduzido ao alemão
pela intérprete Edith Burkhard.
Dezoito
países estavam ali representados, a dar-nos uma pequena dimensão do alcance
mundial do Espiritismo: Brasil, França, Bélgica, Canadá, Luxemburgo, Suíça,
Suécia, Alemanha, Japão, Itália, Holanda, Espanha, Portugal, Reino Unido,
Áustria, Polônia, Estados Unidos, Emirados Árabes (Dubai).
As
apresentações musicais, que encantaram o público, ficaram por conta de
Flávio Benedito (piano), Maurício Virgens (canto), Warren Richardson
(canto) e Amina Richardson (canto).
Marina
Steagall apresentou a campanha mundial “Life! Say Yes To!”, que aborda os
meios de valorização da vida e os equívocos e prejuízos do abortamento, da
eutanásia, da pena de morte e do suicídio.
No
sábado, o encontro foi iniciado com a evocação do pensamento do filósofo
grego Protágoras, do século V a.C., que afirmara que “o ser humano é a
medida de todas as coisas”. Com isso, ele colocava o homem no centro do
processo cognitivo, dividido, então, em uma parte objetiva e outra
subjetiva. Segundo esse filósofo, veríamos a realidade sobretudo de acordo
com o nosso estado emocional. Em complementação a esse pensamento, foi
abordada a proposta de Immanuel Kant, filósofo alemão iluminista, que
defendia que a realidade só seria percebida pelo ser humano a partir de
suas experiências objetivas prévias, que seriam quais formas que moldariam
o conteúdo da realidade apreendido. Segundo asseverado, haveria dois
fatores essenciais e determinantes do processo de conhecimento: o ego e o
Self, que seriam o resultado de nossas conquistas emocionais, sociológicas
e intelectuais.
Nesse
breve introito, já teríamos o embasamento para o tema do seminário: a
realidade apresenta-se a todos tal qual é e cada um apreende a parte dela
que lhe é possível, interpretando-a segundo a sua própria emoção e as
experiências acumuladas. Ser feliz ou infeliz, portanto, dependeria
fundamentalmente do próprio indivíduo e não de circunstâncias ou fatores
externos. O que constituiria a felicidade para um, não necessariamente
seria a felicidade para outro. E aquilo que seria interpretado como
felicidade por certa pessoa, num determinado momento de sua vida, talvez,
num período posterior da existência, fosse sentido como infelicidade. Daí a
necessidade, conforme exposto, de o indivíduo realizar o autodescobrimento.
Com
fundamento na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, foi dito que a
verdadeira vida estaria dentro do ser humano, de maneira a ser
indispensável a viagem interior para o encontro com a realidade profunda do
si, identificando-se os arquétipos, essas marcas antigas de nossas
existências pretéritas, para a superação dos conflitos e más tendências e a
reconexão com o Self.
No
processo evolutivo antropossociopsicológico e espiritual, o ser humano
caminharia do instinto para a razão, desta para a intuição e, por fim, para
a angelitude, quando, vencido o ego e seus derivativos (egoísmo, egotismo,
egolatria, egocentrismo), desfrutaria a plenitude do Self, na vivência do
altruísmo, do amor ao próximo e a si mesmo, da caridade, enfim.
Como
recurso auxiliar para a análise da problemática do ego e sua relação com a
origem dos sofrimentos, assim como da necessidade de a criatura humana
alterar a sua conduta moral para melhor, como forma de libertar-se das
dores que a afligem e ser feliz, Divaldo propôs um estudo espírita e
junguiano da obra "O Cavaleiro da Armadura Enferrujada", de
autoria de Robert Fisher.
Para
que fosse possível realizar essa viagem de estudo sobre o autodescobrimento
e a autoiluminação mais facilmente, foram abordados os conceitos de ser
humano, nos seus aspectos biológico, psicológico e social, assim como a
visão espírita dele, que o apresenta como ser tríplice (corpo físico,
perispírito e Espírito), demonstrando-se que somos, em essência, uma
energia pensante que sobrevive ao decesso físico e realiza o seu processo
evolutivo por meio das reencarnações. Também foram apresentados alguns
conceitos da Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, tais como o
consciente, o inconsciente coletivo e o individual, os arquétipos, o ego, o
Self, a sombra.
Em
seguida, o orador passou à análise específica da estória contida no livro
referido. Tratava-se de um cavaleiro que, ao longo de muitos anos,
habituou-se a manter-se vestido com sua armadura de ferro, a qual acabou
por se enferrujar. Ele era casado e tinha um filho, mas o seu
relacionamento com a família era muito distante e difícil. Após uma
discussão com a esposa, aborrecido, decidiu o cavaleiro afastar-se do
domicílio e realizar uma viagem. Nesta viagem, ele passou a ter contato com
alguns outros personagens, com os quais se relacionou e que o ajudaram a
refletir sobre a própria existência. Por fim, o cavaleiro considerou que
deveria retirar a armadura, o que não conseguiu de imediato, uma vez que
ela já se encontrava muito enferrujada. Um dos personagens disse-lhe que
seria necessário atravessar uma determinada trilha, onde encontraria três
castelos: o do silêncio, o do conhecimento e o da vontade e ousadia.
Ser-lhe-ia necessário permanecer um certo tempo em cada um deles, para se
lhes aprender as lições, a fim de que ele pudesse seguir para o seguinte.
Nesse processo, passando por cada castelo, o cavaleiro foi introjetando os
diferentes ensinamentos, refletindo sobre a própria vida, conhecendo mais
de si mesmo, ao tempo em que ele passou a mudar de pensamentos, de
comportamentos, e , com isso, a armadura, de parte em parte, começou a cair
de seu corpo, até que ele viu-se totalmente liberado dela.
Divaldo
esclareceu que a viagem do cavaleiro pela trilha, visitando cada um
daqueles castelos, é bem a viagem de autodescobrimento e de autoiluminação
de todos nós, que trazemos as nossas máscaras, as personas a que se referia
Carl Gustav Jung. Ao longo de nossa jornada evolutiva, criamos em nós
condicionamentos negativos, que tornaram-se uma segunda natureza em nós,
passamos a usar máscaras que compõem a nossa personalidade, que utilizamos
para agradar as convenções sociais. E assim, perdemos o contato com o nosso
ser profundo, a nossa realidade espiritual (Self). Esses condicionamentos
negativos, as nossas más inclinações, seriam a causa de nossos sofrimentos.
Conforme
afirmou o orador, é necessário que façamos a viagem interior, em busca do
conhecimento da Verdade, dessas leis divinas que estão escritas em nós,
para que tomemos consciência de que somos Espíritos imortais e de que a
nossa meta psicológica profunda deve ser amar, vencendo os nossos medos e
dúvidas, eliminando as nossas imperfeições morais e estabelecendo-se,
assim, a conexão entre o ego e o Self.
Em
análise do Decálogo Logoterapêutico da Dra. Elisabeth Lukas, foram
destacados os itens a prescrever a necessidade de reservarmos um momento
para nós mesmos, de ouvirmos a nossa consciência e de dedicarmos tempo para
a nossa transcendência, confirmando o estudo sobre o cavaleiro da armadura
enferrujada.
Para
exemplificar a proposta de libertação do ego e vivência do altruísmo como
forma de encontrar-se a felicidade, Divaldo narrou uma comovente história
de uma das mais aclamadas contraltos de todos os tempos, Madame Ernestine
Schumann-Heink, nascida austríaca e mais tarde naturalizada americana.
Madame assistira a um concerto de música nos EUA, no qual apresentaram-se
várias crianças. Uma delas, de nome Elizabeth, contava apenas 5 anos e teve
um péssimo desempenho. Após sair do palco, correu para os bastidores para
chorar, prometendo a si mesma nunca mais tocar violino. Madame foi vê-la e
por perceber nela o talento, pediu-lhe que acompanhasse-a em sua turnê. Em
determinado dia, num passeio por um bosque, a Sra. Schumann-Heink mostrou à
Elizabeth uma calhandra e contou-lhe a lenda sobre aquele pássaro que tão
belamente cantava. A estória dizia que, após criar o mundo e o ser humano,
Deus percebeu que tudo era alegria na criação, com exceção do homem, que,
infeliz, de tudo queixava-se. Decidiu oferecer algo que lhe alegrasse os
dias. Tomou de uma porção de barro e foi modelando até que, de repente,
deu-se conta que modelara uma pequena ave. Abriu-lhe o bico e insuflara-lhe
a vida, dizendo-lhe: “tu serás a calhandra e cantarás para que nunca mais o
ser humano seja triste”. E, a partir daquele dia, o canto dela tomara o
mundo e nunca mais houvera a infelicidade. Madame concluiu o diálogo
dizendo: “compreende Elizabeth? Todos somos calhandras de Deus; para mim
Ele disse ‘vai e canta’, para você Ele disse: ‘vai e toca’, para outro Ele
disse ‘vai e ensina’. Todos temos algo a oferecer ao mundo para ele não
seja tomado de tristeza e as pessoas possam ser felizes”.
A
pequenina menina nunca mais desistiu de tocar. Muitos anos mais tarde,
Madame tivera grande decepção, pois que sua voz por fim falhara num
concerto. Pensara em encerrar naquela noite a sua carreira. Mas Elizabeth,
agora renomada violinista, estava na plateia e foi ter com a grande
contralto no seu camarim. Recordou-a da lenda da calhandra e disse-lhe que
não se importasse com a falha da voz ocorrida naquela noite, pois que a sua
missão deveria seguir adiante, lenindo a tristeza do mundo com a sua arte.
A partir daquele dia, Madame trocou os grandes palcos e seletas plateias
para cantar para os infelizes e sofredores da Terra. E, com essa
inspiradora mensagem, Divaldo conclamou a todos para que nunca
esqueçamo-nos de que somos calhandras de Deus, com talentos os mais
diversos, que devem ser postos a serviço de Jesus, para oferecer um pouco
de beleza e de alegria ao mundo tão sofrido, porque a verdadeira felicidade
não consiste em reter nada para si, mas em distribuir os talentos para a
felicidade de todos.
Na
fase final dos estudos do primeiro dia de seminário, o médium fez uma
análise do conceito de felicidade e de como fruí-la, de acordo com a
filosofia Oriental, que baseava-se na revelação espiritual, e com a
Filosofia Ocidental, desde o período pré-socrático, a proposta de Sócrates
e os filósofos pós-socráticos. Com maior enfoque na mensagem socrática,
afirmou que somente pelo autoconhecimento é que o ser humano poderia encontrar
a felicidade. Essa proposição estaria contida também na resposta dada pelos
Espíritos nobres à questão 919, elaborada por Allan Kardec e inserta na
obra O Livro dos Espíritos, a versar sobre o método prático e eficaz para
se melhorar nesta vida e resistir à atração do mal.
Referindo-se
aos transtornos depressivos, que na atualidade encontram-se entre uma das 3
principais causas de mortes no mundo, Divaldo esclareceu que na raiz de
toda depressão há um conflito de culpa, sendo, portanto, necessário que o
indivíduo realize a terapia do autoamor, autoperdoando-se e permitindo-se
ser feliz, fruir da felicidade possível na Terra, que nunca é linear e
constante, mas com as oscilações naturais dos desafios da existência, das
dores, dos infortúnios, que fazem parte da experiência evolutiva. A
felicidade, então, seria o equilíbrio ou, ainda, a harmonia
físico-psíquico-emocional do ser, mantida ante qualquer situação, mesmo
ante as contrariedades da existência.
No
dia 29, domingo, Divaldo iniciou a análise sobre a felicidade recordando
que, segundo a Doutrina Espírita, a educação dos caracteres humanos –
portanto, não apenas aquela de natureza formal, ou instrução-, seria
fundamental para a sua conquista, pois que implicaria autoconhecimento e
superação das más inclinações (ego), com a dedicação do amor ao próximo.
Servir ao semelhante seria o caminho para a felicidade.
Na
sequência, abordou a obra literária “A Ciência de Ser Feliz”, de autoria da
Dra. Susan Andrews, psicóloga e antropóloga americana, formada pela
Universidade de Harvard, que afirmara em seu livro que a felicidade seria a
combinação entre o grau e a frequência de emoções positivas; o nível médio
de satisfação que a pessoa obtém durante um longo período; e a ausência de
sentimentos negativos, tais como tristeza e raiva. Para ela, a felicidade
não seria apenas caracterizada como a falta de emoções negativas, mas
também como a presença de sentimentos positivos. Foram analisadas as 6
grandes ilusões a respeito da felicidade: dinheiro, boa educação, juventude/beleza,
sucesso, saúde, prazer. Tais elementos não seriam sinônimo de felicidade,
vez que grande parte de seus portadores não seriam realmente felizes.
Mas,
então, como seria possível alcançar a felicidade? Para essa resposta, foi
apresentado o conteúdo da obra “A Arte de Viver”, do filósofo grego estoico
Epicteto, para quem uma vida feliz e uma vida virtuosa seriam sinônimos. O
ser humano deveria buscar realizar apenas atitudes corretas em sua
existência, evitando cogitar do sofrimento, dando o melhor de si, sendo
sempre bom e esculpindo a beleza em sua vida, a fim de que pudesse ser
efetivamente feliz.
Em
uma abordagem comparativa com o Espiritismo, foi recordado que na questão
de número 614 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec recebeu como
esclarecimento das entidades superiores que a lei natural ou divina “é a
única verdadeira para a felicidade do homem”, indicando-lhe o que deve
fazer ou deixar de fazer e que ele só é infeliz quando dela se afasta.
Na
fase final do seminário, Divaldo discorreu sobre o ressurgimento do
materialismo no século XVII, com o pensamento de filósofos como Pierre
Gassendi, John Locke, Francis Bacon, e, também com as teorias dos
pensadores iluministas, não tardando, no entanto - como explicou-, a
resposta do mundo espiritual, que preparou a França, por meio do esforço de
Napoleão Bonaparte, para receber a Doutrina Espírita, codificada por Allan
Kardec e que se caracterizaria como uma ciência a estudar a origem, a
natureza e o destino dos Espíritos e as relações existentes entre o mundo
físico e o espiritual. Marchando ao lado da Ciência acadêmica, mas não se
detendo no mero estudo dos efeitos e, sim, remontando às causas, o
Espiritismo demonstraria a existência de Deus, a imortalidade da alma, a
comunicabilidade dos Espíritos, a reencarnação, a pluralidade de mundos
habitados, e tomaria por base moral da conduta humana e proposta
psicoterapêutica a mensagem do Evangelho de Jesus.
Conforme
asseverou o médium, o Espiritismo é uma doutrina de fatos, com fundamento
na Ciência- como a Biologia Molecular, a Física Quântica, a Parapsicologia,
as Neurociências, a Psicologia Transpessoal, a Psiquiatria e outras áreas-,
a demonstrar a nossa realidade profunda, o ser espiritual que somos, o
Self, que aguarda ser descoberto, para que expanda-se na direção do
próximo, encontrando, enfim, a felicidade de servir.
Texto:
Júlio Zacarchenco
Fotos: Lucas Milagre e José Manuel
(Texto em português recebido em
email de Jorge Moehlecke)
Espanhol
DIVALDO FRANCO: GIRA EUROPEA 2016.
Bad
Honnef, 28 y 29 de mayo de 2016.
Durante
los días 28 y 29 de mayo, el médium y orador espírita Divaldo Franco
realizó un seminario en la ciudad de Bad Honnef, Alemania, sobre el tema La
felicidad es posible, y finalizó así la gira de 30 días de
divulgación del Espiritismo en Europa, durante la cual estuvo en 9 países y
13 ciudades.
El
acto, promovido por la Freundeskreis Allan Kardec Düsseldorf se
llevó a cabo en el auditorio del Hotel Seminaris Bad Honnef y contó
con la participación de más de 280 personas cada día. El seminario fue
traducido al alemán por la intérprete Edith Burkhard.
Dieciocho
países estaban representados allí, para darnos una pequeña dimensión del
alcance mundial del Espiritismo: Brasil, Francia, Bélgica, Canadá,
Luxemburgo, Suiza, Suecia, Alemania, Japón, Italia, Holanda, España,
Portugal, Reino Unido de Inglaterra, Austria, Polonia, Estados Unidos de
Norteamérica, Emiratos Árabes: Dubai.
Las
interpretaciones musicales -que encantaron al público-, estuvieron a cargo
de Flávio Benedito (piano), Maurício Virgens (canto), Warren Richardson
(canto) y Amina Richardson (canto).
Marina Steagall presentó la campaña mundial Life! Say
Yes to...! (¡Vida! ¡Di que sí a...!),
que enfoca los medios de valorización de la vida, y las equivocaciones y los
prejuicios acerca del aborto, la eutanasia, la pena de muerte y el
suicidio.
El
sábado, el Encuentro dio comienzo con la evocación del pensamiento del
filósofo griego Protágoras -del siglo V antes de Cristo-, quien afirmaba
que el ser humano es la medida de todas las cosas. De ese modo, él
colocaba al hombre en el centro del proceso cognitivo, dividido por
entonces en una parte objetiva y otra subjetiva. Según ese filósofo,
veríamos la realidad, sobre todo, de acuerdo con nuestro estado emocional.
Para complementar ese pensamiento se abordó la propuesta de Emmanuel Kant,
filósofo alemán iluminista, que sostenía que la realidad sólo sería
percibida por el ser humano, a partir de sus experiencias objetivas
previas, que serían formas que modelarían el contenido de la realidad
aprehendida. Según lo manifestado, habría dos factores esenciales y
determinantes del proceso de conocimiento: el ego y el Self, que
serían el resultado de nuestras conquistas emocionales, sociológicas e
intelectuales.
En esa
breve introducción, ya tendríamos la base del tema del seminario: la
realidad se presenta a todos tal cual es, y cada uno capta la parte de ella
que le es posible y la interpreta según su propia emoción y, también, según
las experiencias acumuladas. Ser feliz o desdichado, por lo tanto,
dependería fundamentalmente del propio individuo y no de circunstancias o
factores externos. Aquello que constituiría la felicidad para uno, no
necesariamente sería la felicidad para otro. Y aquello que sería
interpretado como felicidad por una determinada persona, en un determinado
momento de su vida, tal vez en un período posterior de la existencia, fuese
experimentado como desdicha. De ahí la necesidad, conforme con lo expuesto,
de que el individuo realice el autodescubrimiento.
Con
fundamento en la Psicología Analítica de Carl Gustav Jung, se dijo que la
verdadera vida estaría dentro del ser humano, de manera que resulta
indispensable el viaje interior para el encuentro con la realidad profunda
del ser, para identificar los arquetipos, esas huellas antiguas de nuestras
existencias pasadas, para la superación de los conflictos y las tendencias
negativas, y la reconexión con el Self.
En el
proceso evolutivo antroposociopsicológico y espiritual, el ser humano
avanzaría desde el instinto hacia la razón, desde esta hacia la intuición
y, finalmente, hacia la condición angelical, cuando superado el ego y sus
derivados (egoísmo, egotismo, egolatría, egocentrismo), disfrutaría la
plenitud del Self mediante la vivencia del altruísmo, del amor al
prójimo y a sí mismo, de la caridad, en definitiva.
Como
un recurso auxiliar, para el análisis del problema del ego y su relación
con el origen de los sufrimientos, así como de la necesidad de que la
criatura humana modifique su conducta moral para mejor, como una forma de
liberarse de los sufrimientos que la afligen y ser feliz, Divaldo propuso
un estudio espírita y junguiano de la obra El Caballero de la
Armadura Oxidada, del autor Robert Fisher.
A fin
de que fuese posible realizar ese viaje de estudio sobre el
autodescubrimiento y la autoiluminación más fácilmente, se abordó el
concepto de ser humano, en sus aspectos biológico, psicológico y social,
así como también el enfoque espírita, que lo presenta como un ser triple:
cuerpo físico, periespíritu y Espíritu, demostrando que somos, en esencia,
una energía pensante que sobrevive al deceso físico, y que realiza su
proceso evolutivo por medio de las reencarnaciones. También fueron
expuestos algunos conceptos de la Psicología Analítica de Carl Gustav Jung,
tales como el consciente, el inconsciente colectivo y el individual, los
arquetipos, el ego, el Self y la sombra.
Seguidamente,
el orador pasó al análisis específico de la anécdota contenida en el libro
referido. Se trataba de un caballero que, a lo largo de muchos años, se
habituó a estar vestido con su armadura de hierro, la cual acabó por
oxidarse. Él estaba casado y tenía un hijo, pero su relación con la familia
era muy distante y complicada. Después de una discusión con su esposa,
disgustado, decidió el caballero alejarse del domicilio y realizar un
viaje. En este viaje, él tomó contacto con algunos otros personajes -con
los cuales se relacionó- que lo ayudaron a reflexionar sobre su propia
existencia. Por último, el caballero consideró que debería quitarse la
armadura -lo que no consiguió de inmediato-, dado que esta se encontraba
muy oxidada. Uno de los personajes le dijo que le sería necesario recorrer
una determinada senda, donde iba a encontrar tres castillos: el del
silencio, el del conocimiento y el de la voluntad y la osadía. Le sería
necesario permanecer un cierto tiempo en cada uno de ellos, para aprender
las lecciones que le trasmitirían, a fin de que él pudiese ir hacia el
siguiente. En ese proceso, al pasar por cada castillo, el caballero fue
internalizando las diferentes enseñanzas, y reflexionó sobre su propia
vida, llegando a conocerse más, y al mismo tiempo comenzó a modificar sus
pensamientos, su conducta y, así, parte por parte, la armadura comenzó a
caerse de su cuerpo, hasta que se vio completamente libre de ella.
Divaldo
explicó que el recorrido del caballero por la senda, visitando cada uno de
aquellos castillos, es precisamenete el viaje del autodescubrimiento y de
la autoiluminación de todos nosotros, que somos portadores de nuestras
máscaras, las personas a las cuales se refería Carl Gustav Jung. A lo largo
de nuestra trayectoria evolutiva, hemos creado en nosotros
condicionamientos negativos, que se convirtieron en una segunda naturaleza,
y comenzamos a usar máscaras que componen nuestra personalidad, máscaras
que utilizamos para agradar según las convenciones sociales. De tal modo,
perdemos el contacto con nuestro ser profundo, nuestra realidad espiritual
(Self). Esos condicionamientos negativos, nuestras tendencias
negativas, serían la causa de nuestros sufrimientos.
Según
lo que manifestó el orador, es necesario que realicemos el viaje interior,
en busca del conocimiento de la Verdad, de las Leyes Divinas que están
inscriptas dentro de nosotros, para que tomemos conciencia de que somos
Espíritus inmortales, y que nuestra meta psicológica profunda debe ser
amar, superando nuestros temores y dudas, eliminando nuestras
imperfecciones morales y, de ese modo, estableciendo la conexión entre el
ego y el Self.
Mediante
el análisis del Decálogo Logoterapéutico de la Dra. Elisabeth Lukas, se
destacaron los ítems que prescriben la necesidad de que nos reservemos un
momento para nosotros mismos, que escuchemos a nuestra conciencia y que
dediquemos tiempo a nuestra trascendencia, confirmando el estudio sobre el
caballero de la armadura oxidada.
Para
ejemplificar la propuesta de liberación del ego y la vivencia del
altruísmo, como una forma de encontrar la felicidad, Divaldo narró una
conmovedora historia, acerca de una de las más aclamadas contraltos de
todas las épocas, Madame Ernestine Schumann-Heink, nacida en Austria y más
tarde naturalizada norteamericana. Madame asistió a un concierto de música
en USA, en el cual se presentaron varias criaturas. Una de ellas, de nombre
Elizabeth, tenía apenas cinco años y tuvo un pésimo desempeño. Después de
dejar el escenario, la niña corrió hacia la zona de camarines para llorar,
prometiéndose nunca más tocar el violín. Madame fue a verla, y como había
percibido el talento de la niña, le pidió que la acompañase en su gira.
Cierto día, paseaban por un bosque cuando la Sra. Schumann-Heink le señaló
a Elizabeth una calandria, y le relató la leyenda sobre aquella ave que
cantaba con tanta belleza. La anécdota se refería a que, después de que
creara el mundo y el ser humano, Dios percibió que todo era alegría en la
Creación, con excepción del hombre que, desdichado, de todo se quejaba.
Decidió, entonces, brindarle algo que alegrase sus días, y tomó una porción
de barro y fue dándole forma hasta que, de pronto, se dio cuenta de que
había modelado una pequeña ave. Le abrió el pico y le trasmitió la vida,
diciéndole: Tú serás la calandria, y cantarás para que nunca más el ser
humano esté triste. Y a partir de aquel día, su canto se apoderó del
mundo, y nunca más hubo desdicha en él. Madame concluyó el diálogo
diciendo: ¿Comprendes, Elizabeth? Todos somos calandrias de Dios; a mí
Él me dijo: Ve y canta, a ti Él te dijo: Ve y toca el violín; a otro
Él le dijo Ve y enseña. Todos tenemos algo que ofrecer al
mundo para que no lo domine la tristeza, y así las personas puedan ser
felices.
La
pequeña nunca más se negó a tocar el violín. Muchos años más tarde, Madame
tuvo una gran decepción porque su voz, finalmente, había fallado en un
concierto. Aquella noche había pensado en dar por concluida su carrera,
pero Elizabeth, que por entonces era una renombrada violinista, estaba en
la platea y fue a ver a la extraordinaria contralto en su camarín. Le
recordó la leyenda de la calandria, y le dijo que no se preocupara porque
aquella noche su voz hubiera fallado, pues su misión era seguir adelante,
aliviando la tristeza del mundo con su arte. Desde aquel día, Madame dejó
los grandes escenarios y las selectas plateas para llevar su canto a los
desventurados y sufridores de la Tierra. Y, con ese inspirador mensaje,
Divaldo convocó a todos a que nunca nos olvidemos que somos calandrias de
Dios, con los más diversos talentos, que deben ser puestos al servicio de
Jesús, para ofrecer un poco de belleza y de alegría al mundo, tan sufrido,
porque la verdadera felicidad no consiste en guardar algo para sí mismo,
sino en distribuir los talentos para felicidad de todos.
En la
fase final de los estudios del primer día de seminario, el médium hizo un
análisis del concepto de felicidad y cómo disfrutarla, de acuerdo con la
filosofía oriental, que se basaba en la revelación espiritual, y según la
filosofia occidental, desde el período presocrático, la propuesta de
Sócrates y de los filósofos pos-socráticos. Con un amplio enfoque en el mensaje
socrático, afirmó que solamente mediante el autoconocimiento podría, el ser
humano, hallar la felicidad. Ese concepto estaría también contenido en la
respuesta que dieron los Espíritus nobles a la cuestión 919, elaborada por
Allan Kardec e incluida en la obra El Libro de los Espíritus, la
cual trata acerca del método práctico y eficaz para mejorar en esta vida y
resistir la atracción del mal.
Con
referencia a los trastornos depresivos, que en la actualidad se encuentran
entre una de las tres principales causas de muerte en el mundo, Divaldo
explicó que en la raíz de las depresiones existe un conflcto de culpa y,
por lo tanto, es necesario que el individuo realice la terapia del
autoamor, autoperdonándose y permitiéndose ser feliz, disfrutar la felicidad
posible en la Tierra, que nunca es lineal ni constante, sino con las
oscilaciones naturales de los desafíos de la existencia, de los dolores, de
los infortunios, que forman parte de la experiencia evolutiva. La
felicidad, entonces, sería el equilibrio o, también, la armonía
físico-psíquico-emocional del ser, conservada en todas las circunstancias,
incluso ante las contrariedades de la existencia.
El día
29, domingo, Divaldo comenzó el análisis sobre la felicidad recordando que,
según la Doctrina Espírita, la educación de los caracteres humanos –por lo
tanto, no sólo aquella de naturaleza formal, la instrucción-, sería
fundamental para su conquista, pues implicaría el autoconocimiento y la
superación de las malas tendencias (ego), con la dedicación de amor al
prójimo. Servir al semejante sería el camino hacia la felicidad.
Seguidamente,
abordó la obra literaria La ciencia de ser feliz -cuya autora es la
Dra. Susan Andrews, psicóloga y antropóloga norteamericana, graduada en la
Universidad de Harvard-, quien manifestó en su libro que la felicidad sería
la combinación entre el grado y la frecuencia de las emociones positivas;
el nivel medio de satisfacción que la persona obtiene durante un largo
período; y la ausencia de sentimientos negativos, tales como la tristeza y
la rabia. Para ella, la felicidad no estaría solamente caracterizada como
la falta de emociones negativas, sino también como la presencia de
sentimientos positivos. Se analizaron las 6 grandes ilusiones acerca de la
felicidad: dinero, buena educación, juventud/belleza, éxito, salud, placer.
Tales elementos no serían sinónimo de felicidad, visto que gran parte de
sus portadores no serían realmente felices.
Pero,
entonces, ¿cómo sería posible alcanzar la felicidad? Para esa respuesta, se
presentó el contenido de la obra El Arte de Vivir, del filósofo
griego estoico Epicteto, para quien una vida feliz y una vida virtuosa
serían sinónimos. El ser humano debería buscar cómo realizar tan sólo las
acciones correctas en su existencia, evitando pensar en el sufrimiento,
dando lo mejor de sí, siendo siempre bueno y esculpiendo la belleza en su
vida, a fin de que pudiese ser efectivamente feliz.
Mediante
un enfoque comparativo con el Espiritismo, recordó que en la cuestión
número 614 de El Libro de los Espíritus, Allan Kardec recibió como
explicación de las Entidades superiores, que la ley natural o divina es
la única verdadera para la felicidad del hombre, pues le indica aquello
que debiera hacer o dejar de hacer, y que él sólo es desdichado cuando de
ella se aparta.
En la
fase final del seminario, Divaldo se refirió al resurgimiento del
materialismo en el siglo XVII, con el pensamiento de filósofos tales como
Pierre Gassendi, John Locke, Francis Bacon, y también con las teorías de
los pensadores iluministas, no tardando, mientras tanto -como lo explicó-,
la respuesta del Mundo Espiritual, que preparó a Francia, mediante el
esfuerzo de Napoleón Bonaparte, para recibir la Doctrina Espírita,
codificada por Allan Kardec, que se caracterizaría como una ciencia dedicada
al estudio del origen, la naturaleza y eldestino de los Espíritus, y de las
relaciones existentes entre el mundo físico y el espiritual. Mediante la
marcha junto a la Ciencia académica, sin detenerse en el mero estudio de
los efectos, sino remontándose hasta las causas, el Espiritismo demostraría
la existencia de Dios, la inmortalidad del alma, la comunicabilidad de los
Espíritus, la reencarnación, la pluralidad de los mundos habitados, y
adoptaría como base moral de la conducta humana, y también como propuesta
psicoterapéutica, el mensaje del Evangelio de Jesús.
De
conformidad con lo manifestado por el médium, el Espiritismo es una
doctrina de fenómenos, con fundamento en la Ciencia -como por ejemplo la
Biología Molecular, la Física cuántica, la Parapsicología, las
Neurociencias, la Psicología Transpersonal, la Psiquiatría y otras áreas-,
a fin de demostrar nuestra realidad profunda, el ser espiritual que somos,
el Self, que aguarda ser descubierto, para que se expanda en
dirección al prójimo y encuentre, finalmente, la felicidad de prestar
servicio.
Texto:
Júlio Zacarchenco
Fotos: Lucas Milagre y José Manuel
(Texto em espanhol recebido da
tradutora MARTA GAZZANIGA [marta.gazzaniga@gmail.com], Buenos Aires,
Argentina)
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