Notícias do Movimento Espírita São Paulo, SP, segunda-feira, 05 de outubro de 2020 Compiladas por Ismael Gobbo |
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Publicação em sequência Revista Espírita – Ano 9 - 1866 |
(Continuação da postagem anterior)
(Continua na próxima postagem)
(Copiado do site Febnet) |
A caridade. Óleo em painel de madeira de Jean-François Millet. Imagem/fonte: https://fr.wikipedia.org/wiki/Fichier:Charit%C3%A9,_Millet.jpg |
Médico e sua paciente. Óleo sobre tela de Jan Steen. Imagem/fonte: |
Bonaparte visitando as vítimas da peste de Jaffa. Óleo sobre tela por Antoine-Jean Gros Imagem/fonte: |
Paisagem com o bom samaritano. Óleo em painel de carvalho de Rembrandt. Imagem/fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rembrandt_Krajobraz_z_mi%C5%82osiernym_Samarytaninem.jpg |
Maria |
Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos). Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: Boa Nova. Lição nº 30. Página 196.
Junto da cruz, o vulto agoniado de Maria produzia dolorosa e indelével impressão. Com o pensamento ansioso e torturado, olhos fixos no madeiro das perfídias humanas, a ternura materna regredia ao passado em amarguradas recordações. Ali estava, na hora extrema, o filho bem-amado. Maria deixava-se ir na corrente infinda das lembranças. Eram as circunstâncias maravilhosas em que o nascimento de Jesus lhe fora anunciado, a amizade de Isabel, as profecias do velho Simeão, reconhecendo que a assistência de Deus se tornara incontestável nos menores detalhes de sua vida. Naquele instante supremo, revia a manjedoura, na sua beleza agreste, sentindo que a Natureza parecia desejar redizer aos seus ouvidos o cântico de glória daquela noite inolvidável. Através do véu espesso das lágrimas, repassou, uma por uma, as cenas da infância do filho estremecido, observando o alarma interior das mais doces reminiscências. Nas menores coisas, reconhecia a intervenção da Providência celestial; entretanto, naquela hora, seu pensamento vagava também pelo vasto mar das mais aflitivas interrogações. Que fizera Jesus por merecer tão amargas penas?... Não o vira crescer de sentimentos imaculados, sob o calor de seu coração? Desde os mais tenros anos, quando o conduzia à fonte tradicional de Nazaré, observava o carinho fraterno que dispensava a todas as criaturas. Frequentemente, ia buscá-lo nas ruas empedradas, onde a sua palavra carinhosa consolava os transeuntes desamparados e tristes. Viandantes misérrimos vinham a sua casa modesta louvar o filhinho idolatrado, que sabia distribuir as bênçãos do Céu. Com que enlevo recebia os hóspedes inesperados que suas mãos minúsculas conduziam à carpintaria de José!... Lembrava-se bem de que, um dia, a divina criança guiara a casa dois malfeitores publicamente reconhecidos como ladrões do vale de Mizhep. E era de ver-se a amorosa solicitude com que seu vulto pequenino cuidava dos desconhecidos, como se fossem seus irmãos. Muitas vezes, comentara a excelência daquela virtude santificada, receando pelo futuro de seu adorável filhinho. Depois do caricioso ambiente doméstico, era a missão celestial, dilatando-se em colheita de frutos maravilhosos. Eram paralíticos que retomavam os movimentos da vida, cegos que se reintegravam nos sagrados dons da vista, criaturas famintas de luz e de amor que se saciavam na sua lição de infinita bondade. Que profundos desígnios haviam conduzido seu filho adorado à cruz do suplício?... Uma voz amiga lhe falava ao espírito, dizendo das determinações insondáveis e justas de Deus, que precisam ser aceitas para a redenção divina das criaturas. Seu coração rebentava em tempestades de lágrimas irreprimíveis; contudo, no santuário da consciência, repetia a sua afirmação de sincera humildade: - “Faça-se na escrava a vontade do Senhor!...” De alma angustiada, notou que Jesus atingira o último limite dos padecimentos inenarráveis. Alguns dos populares mais exaltados multiplicavam as pancadas, enquanto as lanças riscavam o ar, em ameaças audaciosas e sinistras. Ironias mordazes eram proferidas a esmo, dilacerando-lhe a alma sensível e afetuosa. Em meio de algumas mulheres compadecidas, que lhe acompanhavam o angustioso transe, Maria reparou que alguém lhe pousara as mãos, de leve, sobre os ombros. Deparou-se-lhe a figura de João que, vencendo a pusilanimidade criminosa em que haviam mergulhado os demais companheiros, lhe estendia os braços amorosos e reconhecidos. Silenciosamente, o filho de Zebedeu abraçou-se àquele triturado coração maternal. Maria deixou-se enlaçar pelo discípulo querido e ambos, ao pé do madeiro, em gesto súplice, buscaram ansiosamente a luz daqueles olhos misericordiosos, no cúmulo dos tormentos. Foi aí que a fronte do divino supliciado se moveu vagarosamente, revelando perceber a ansiedade daquelas duas almas em extremo desalento. “Meu filho!... Meu amado filho!...“ - exclamou a mártir, em aflição diante da serenidade daquele olhar de melancolia intraduzível. O Cristo pareceu meditar no auge de suas dores, mas, como se quisesse demonstrar, no instante derradeiro, a grandeza de sua coragem e a sua perfeita comunhão com Deus, replicou com significativo movimento dos olhos vigilantes: - “Mãe, eis aí teu filho!...“ E dirigindo-se, de modo especial, com um leve aceno, ao apóstolo, disse: - “Filho, eis aí tua mãe!...” Maria envolveu-se no véu de seu pranto doloroso, mas o grande evangelista compreendeu que o Mestre, na sua derradeira lição, ensinava que o amor universal era o sublime coroamento de sua obra. Entendeu que, no futuro, a claridade do Reino de Deus revelaria aos homens a necessidade da cessação de todo egoísmo e que, no santuário de cada coração, deveria existir a mais abundante cota de amor, não só para o círculo familiar, senão também para todos os necessitados do mundo, e que no templo de cada habitação permaneceria a fraternidade real, para que a assistência recíproca se praticasse na Terra, sem serem precisos os edifícios exteriores, consagrados a uma solidariedade claudicante. Por muito tempo, conservaram-se ainda ali, em preces silenciosas, até que o Mestre, exânime, fosse arrancado à cruz, antes que a tempestade mergulhasse a paisagem castigada de Jerusalém num dilúvio de sombras. Após a separação dos discípulos, que se dispersaram por lugares diferentes, para a difusão da Boa Nova, Maria retirou-se para a Batanéia, onde alguns parentes mais próximos a esperavam com especial carinho. Os anos começaram a rolar, silenciosos e tristes, para a angustiada saudade de seu coração. Tocada por grandes dissabores, observou que, em tempo rápido, as lembranças do filho amado se convertiam em elementos de ásperas discussões, entre os seus seguidores. Na Batanéia, pretendia-se manter uma certa aristocracia espiritual, por efeito dos laços consanguíneos que ali a prendiam, em virtude dos elos que a ligavam a José. Em Jerusalém, digladiavam-se os cristãos e os judeus, com veemência e acrimônia. Na Galiléia, os antigos cenáculos simples e amoráveis da Natureza estavam tristes e desertos. Para aquela mãe amorosa, cuja alma digna observava que o vinho generoso de Caná se transformara no vinagre do martírio, o tempo assinalava sempre uma saudade maior no mundo e uma esperança cada vez mais elevada no céu. Sua vida era uma devoção incessante ao rosário imenso da saudade, às lembranças mais queridas. Tudo que o passado feliz edificara em seu mundo interior revivia na tela de suas lembranças, com minúcias somente conhecidas do amor, e lhe alimentavam a seiva da vida. Relembrava o seu Jesus pequenino, como naquela noite de beleza prodigiosa, em que o recebera nos braços maternais, iluminado pelo mais doce mistério. Figurava-se-lhe escutar ainda o balido das ovelhas que vinham, apressadas acercar-se do berço que se formara de improviso. E aquele primeiro beijo, feito de carinho e de luz? As reminiscências envolviam a realidade longínqua de singulares belezas para o seu coração sensível e generoso. Em seguida, era o rio das recordações desaguando, sem cessar, na sua alma rica de sentimentalidade e ternura. Nazaré lhe voltava à imaginação, com as suas paisagens de felicidade e de luz. A casa singela, a fonte amiga, a sinceridade das afeições, o lago majestoso e, no meio de todos os detalhes, o filho adorado, trabalhando e amando, no erguimento da mais elevada concepção de Deus, entre os homens da Terra. De vez em quando, parecia vê-lo em seus sonhos repletos de esperança. Jesus lhe prometia o júbilo encantador de sua presença e participava da carícia de suas recordações. A esse tempo, o filho de Zebedeu, tendo presentes as observações que o Mestre lhe fizera da cruz, surgiu na Batanéia, oferecendo àquele espírito saudoso de mãe o refúgio amoroso de sua proteção. Maria aceitou o oferecimento, com satisfação imensa. E João lhe contou a sua nova vida. Instalara-se definitivamente em Éfeso, onde as idéias cristãs ganhavam terreno entre almas devotadas e sinceras. Nunca olvidara as recomendações do Senhor e, no íntimo, guardava aquele título de filiação como das mais altas expressões de amor universal para com aquela que recebera o Mestre nos braços veneráveis e carinhosos. Maria escutava-lhe as confidências, num misto de reconhecimento e de ventura. João continuava a expor-lhe os seus planos mais insignificantes. Levá-la-ia consigo, andariam ambos na mesma associação de interesses espirituais. Seria seu filho desvelado, enquanto receberia de sua alma generosa a ternura maternal, nos trabalhos do Evangelho. Demorara-se a vir, explicava o filho de Zebedeu, porque lhe faltava uma choupana, onde se pudessem abrigar; entretanto, um dos membros da família real de Adiabene, convertido ao amor do Cristo, lhe doara uma casinha pobre, ao sul de Éfeso, distando três léguas aproximadamente da cidade. A habitação simples e pobre demorava num promontório, de onde se avistava o mar. No alto da pequena colina, distante dos homens e no altar imponente da Natureza, se reuniriam ambos para cultivar a lembrança permanente de Jesus. Estabeleceriam um pouso e refúgio aos desamparados, ensinariam as verdades do Evangelho a todos os espíritos de boa-vontade e, como mãe e filho, iniciariam uma nova era de amor, na comunidade universal. Maria aceitou alegremente. Dentro de breve tempo, instalaram-se no seio amigo da Natureza, em frente do oceano. Éfeso ficava pouco distante; porém, todas as adjacências se povoavam de novos núcleos de habitações alegres e modestas. A casa de João, ao cabo de algumas semanas, se transformou num ponto de assembléias adoráveis, onde as recordações do Messias eram cultuadas por espíritos humildes e sinceros. Maria externava as suas lembranças. Falava dele com maternal enternecimento, enquanto o apóstolo comentava as verdades evangélicas, apreciando os ensinos recebidos. Vezes inúmeras, a reunião somente terminava noite alta, quando as estrelas tinham maior brilho. E não foi só. Decorridos alguns meses, grandes fileiras de necessitados acorriam ao sitio singelo e generoso. A notícia de que Maria descansava, agora, entre eles, espalhara um clarão de esperança por todos os sofredores. Ao passo que João pregava na cidade, as verdades de Deus, ela atendia, no pobre santuário doméstico, aos que a procuravam exibindo-lhe suas úlceras e necessidades. Sua choupana era, então, conhecida pelo nome de “Casa da Santíssima”. O fato tivera origem em certa ocasião, quando um miserável leproso, depois de aliviado em suas chagas, lhe osculou as mãos, reconhecidamente murmurando: “Senhora, sois a mãe de nosso Mestre e nossa Mãe Santíssima!...” A tradição criou raízes em todos os espíritos. Quem não lhe devia o favor de uma palavra maternal nos momentos mais duros? E João consolidava o conceito, acentuando que o mundo lhe seria eternamente grato, pois fora pela sua grandeza espiritual que o Emissário de Deus pudera penetrar a atmosfera escura e pestilenta do mundo para balsamizar os sofrimentos da criatura. Na sua humildade sincera, Maria se esquivava às homenagens afetuosas dos discípulos de Jesus, mas aquela confiança filial com que lhe reclamavam a presença era para sua alma um brando e delicioso tesouro do coração. O título de maternidade fazia vibrar em seu espírito os cânticos mais doces. Diariamente, acorriam os desamparados, suplicando a sua assistência espiritual. Eram velhos trôpegos e desenganados do mundo, que lhe vinham ouvir as palavras confortadoras e afetuosas, enfermos que invocavam a sua proteção, mães infortunadas que pediam a bênção de seu carinho. “Minha mãe - dizia um dos mais aflitos - como poderei vencer as minhas dificuldades? Sinto-me abandonado na estrada escura da vida... Maria lhe enviava o olhar amoroso da sua bondade, deixando nele transparecer toda a dedicação enternecida de seu espírito maternal. - “Isso também passa!... dizia ela, carinhosamente só o Reino de Deus é bastante forte para nunca passar de nossas almas, como eterna realização do amor celestial...” Seus conceitos abrandavam a dor dos mais desesperados, desanuviavam o pensamento obscuro dos mais acabrunhados. A igreja de Éfeso exigia de João a mais alta expressão de sacrifício pessoal, pelo que, com o decorrer do tempo, quase sempre Maria estava só, quando a legião humilde dos necessitados descia o promontório desataviado, rumo aos lares mais confortados e felizes. Os dias e as semanas, os meses e os anos passaram incessantes, trazendo-lhe as lembranças mais ternas. Quando sereno e azulado, o mar lhe fazia voltar à memória o Tiberíades distante. Surpreendia no ar aqueles perfumes vagos que enchiam a alma da tarde, quando seu filho, de quem nem um instante se esquecia, reunindo os discípulos amados, transmitia ao coração do povo as louçanias da Boa Nova. A velhice não lhe acarretara nem cansaços nem amarguras. A certeza da proteção divina lhe proporcionava ininterrupto consolo. Como quem transpõe o dia em labores honestos e proveitosos, seu coração experimentava grato repouso, iluminado pelo luar da esperança e pelas estrelas fulgurantes da crença imorredoura. Suas meditações eram suaves colóquios com as reminiscências do filho muito amado. Súbito recebeu notícias de que um período de dolorosas perseguições se havia aberto para todos os que fossem fiéis à doutrina do seu Jesus divino. Alguns cristãos banidos de Roma traziam a Éfeso as tristes informações. Em obediência aos éditos mais injustos, escravizavam-se os seguidores do Cristo, destruíam-se-lhes os lares, metiam-nos a ferros nas prisões. Falava-se de festas públicas, em que seus corpos eram dados como alimento a feras insaciáveis, em horrendos espetáculos. Então, num crepúsculo estrelado, Maria entregou-se às orações, como de costume, pedindo a Deus por todos aqueles que se encontrassem em angústias do coração, por amor de seu filho. Embora a soledade do ambiente, não se sentia só: uma como força singular lhe banhava a alma toda. Aragens suaves sopravam do oceano, espalhando os aromas da noite que se povoava de astros amigos e afetuosos e, em poucos minutos, a lua plena participava, igualmente, desse concerto de harmonia e de luz. Enlevada nas suas meditações, Maria viu aproximar-se o vulto de um pedinte. - Minha mãe - exclamou o recém- chegado, como tantos outros que recorriam ao seu carinho -, venho fazer-te companhia e receber a tua bênção. Maternalmente, ela o convidou a entrar, impressionada com aquela voz que lhe inspirava profunda simpatia. O peregrino lhe falou do céu, confortando-a delicadamente. Comentou as bem-aventuranças divinas que aguardam a todos os devotados e sinceros filhos de Deus, dando a entender que lhe compreendia as mais ternas saudades do coração. Maria sentiu-se empolgada por tocante surpresa. Que mendigo seria aquele que lhe acalmava as dores secretas da alma saudosa, com bálsamos tão dulçorosos? Nenhum lhe surgira até então para dar; era sempre para pedir alguma coisa. No entanto, aquele viandante desconhecido lhe derramava no íntimo as mais santas consolações. Onde ouvira noutros tempos aquela voz meiga e carinhosa?!... Que emoções eram aquelas que lhe faziam pulsar o coração de tanta carícia?... Seus olhos se umedeceram de ventura, sem que conseguisse explicar a razão de sua terna emotividade. Foi quando o hóspede anônimo lhe estendeu as mãos generosas e lhe falou com profundo acento de amor: - “Minha mãe, vem aos meus braços!...” Nesse instante, fitou as mãos nobres que se lhe ofereciam, num gesto da mais bela ternura. Tomada de comoção profunda, viu nelas duas chagas, como as que seu filho revelava na cruz e, instintivamente, dirigindo o olhar ansioso para os pés do peregrino amigo, divisou também aí as úlceras causadas pelos cravos do suplício. Não pôde mais. Compreendendo a visita amorosa que Deus lhe enviava ao coração, bradou com infinita alegria: “Meu filho! meu filho!... as úlceras que te fizeram!...“ E precipitando-se para ele, como mãe carinhosa e desvelada, quis certificar-se, tocando a ferida que lhe fora produzida pelo último lançaço, perto do coração. Suas mãos ternas e solícitas o abraçaram na sombra visitada pelo luar, procurando sofregamente a úlcera que tantas lágrimas lhe provocara ao carinho maternal. A chaga lateral também lá estava, sob a carícia de suas mãos. Não conseguiu dominar o seu intenso júbilo. Num ímpeto de amor, fez um movimento para se ajoelhar. Queria abraçar-se aos pés do seu Jesus e osculá-los com ternura. Ele, porém, levantando-a, cercado de um halo de luz celestial, se lhe ajoelhou aos pés e, beijando-lhe as mãos, disse em carinhoso transporte: - “Sim, minha mãe, sou eu!... Venho buscar-te, pois meu Pai quer que sejas no meu reino a Rainha dos Anjos... Maria cambaleou, tomada de inexprimível ventura. Queria dizer da sua felicidade, manifestar seu agradecimento a Deus; mas o corpo como que se lhe paralisara, enquanto aos seus ouvidos chegavam os ecos suaves da saudação do Anjo, qual se a entoassem mil vozes cariciosas, por entre as harmonias do céu. No outro dia, dois portadores humildes desciam a Éfeso, de onde regressaram com João, para assistir aos últimos instantes daquela que lhes era a devotada Mãe Santíssima. Maria já não falava. Numa inolvidável expressão de serenidade, por longas horas ainda esperou a ruptura dos derradeiros laços que a prendiam à vida material. A alvorada desdobrava o seu formoso leque de luz quando aquela alma eleita se elevou da Terra, onde tantas vezes chorara de júbilo, de saudade e de esperança. Não mais via seu filho bem-amado, que certamente a esperaria, com as boas-vindas, no seu reino de amor; mas, extensas multidões de entidades angélicas a cercavam cantando hinos de glorificação. Experimentando a sensação de se estar afastando do mundo, desejou rever a Galiléia com os seus sítios preferidos. Bastou a manifestação de sua vontade para que a conduzissem à região do lago de Genesaré, de maravilhosa beleza. Reviu todos os quadros do apostolado de seu filho e, só agora, observando do alto a paisagem, notava que o Tiberíades, em seus contornos suaves, apresentava a forma quase perfeita de um alaúde. Lembrou-se, então, de que naquele instrumento da Natureza Jesus cantara o mais belo poema de vida e amor, em homenagem a Deus e à humanidade. Aquelas águas mansas, filhas do Jordão marulhoso e calmo, haviam sido as cordas sonoras do cântico evangélico. Dulcíssimas alegrias lhe invadiam o coração e já a caravana espiritual se dispunha a partir, quando Maria se lembrou dos discípulos perseguidos pela crueldade do mundo e desejou abraçar os que ficariam no vale das sombras, à espera das claridades definitivas do Reino de Deus. Emitindo esse pensamento, imprimiu novo impulso às multidões espirituais que a seguiam de perto. Em poucos instantes, seu olhar divisava uma cidade soberba e maravilhosa, espalhada sobre colinas enfeitadas de carros e monumentos que lhe provocavam assombro. Os mármores mais ricos esplendiam nas magnificentes vias públicas, onde as liteiras patrícias passavam sem cessar, exibindo pedrarias e peles, sustentadas por misérrimos escravos. Mais alguns momentos e seu olhar descobria outra multidão guardada a ferros em escuros calabouços. Penetrou os sombrios cárceres do Esquilino, onde centenas de rostos amargurados retratavam padecimentos atrozes. Os condenados experimentaram no coração um consolo desconhecido... Maria se aproximou de um a um, participou de suas angústias e orou com as suas preces, cheias de sofrimento e confiança. Sentiu-se mãe daquela assembléia de torturados pela injustiça do mundo. Espalhou a claridade misericordiosa de seu espírito entre aquelas fisionomias pálidas e tristes. Eram anciães que confiavam no Cristo, mulheres que por ele haviam desprezado o conforto do lar, jovens que depunham no Evangelho do Reino toda a sua esperança. Maria aliviou-lhes o coração e, antes de partir, sinceramente desejou deixar-lhes nos espíritos abatidos uma lembrança perene. Que possuía para lhes dar?... Deveria suplicar a Deus para eles a liberdade?!... Mas, Jesus ensinara que com ele todo jugo é suave e todo fardo seria leve, parecendo-lhe melhor a escravidão com Deus do que a falsa liberdade nos desvãos do mundo. Recordou que seu filho deixara a força da oração como um poder incontrastável entre os discípulos amados. Então, rogou ao Céu que lhe desse a possibilidade de deixar entre os cristãos oprimidos a força da alegria. Foi quando, aproximando-se de uma jovem encarcerada, de rosto descarnado e macilento, lhe disse ao ouvido: - “Canta, minha filha!... Tenhamos bom ânimo!... Convertamos as nossas dores da Terra em alegrias para o Céu!..” A triste prisioneira nunca saberia compreender o porquê da emotividade que lhe fez vibrar subitamente o coração. De olhos extáticos, contemplando o firmamento luminoso, através das grades poderosas, ignorando a razão de sua alegria, cantou um hino de profundo e enternecido amor a Jesus, em que traduzia sua gratidão pelas dores que lhe eram enviadas, transformando todas as suas amarguras em consoladoras rimas de júbilo e esperança. Daí a instantes, seu canto melodioso era acompanhado pelas centenas de vozes dos que choravam no cárcere, aguardando o glorioso testemunho. Logo, a caravana majestosa conduziu ao Reino do Mestre a bendita entre as mulheres e, desde esse dia, nos tormentos mais duros, os discípulos de Jesus têm cantado na Terra, exprimindo o seu bom ânimo e a sua alegria, guardando a suave herança de nossa Mãe Santíssima. Por essa razão, irmãos meus, quando ouvirdes o cântico nos templos das diversas famílias religiosas do Cristianismo, não vos esqueçais de fazer no coração um brando silêncio, para que a Rosa Mística de Nazaré espalhe aí o seu perfume!...
(Texto recebido em email do pesquisador e divulgador Antonio Sávio, de Belo Horizonte, MG)
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Quadro com o retrato de Maria, mãe de Jesus. Capa do Anuário Espírita 1986. |
Presépio na Noite de Natal na Praça de São Pedro, Vaticano. Foto Ismael Gobbo |
Quadro intitulado: Madona com a Almofada Verde. Andrea di Bartolo dito Solario. Museu do Louvre, Paris, França. Foto Ismael Gobbo.
Madona com a Almofada Verde, uma imagem devocional da Virgem amamentando Jesus, é assim chamada desde o século XVII devido ao motivo da almofada verde colocada em um pedestal de mármore em primeiro plano. Este detalhe, perfeitamente integrado aqui dentro do grupo sagrado, é realmente notável; Com seu conforto macio e acolchoado, ele realmente acompanha este cenário de ternura e bem-estar familiar. Leia mais: https://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/madonna-green-cushion
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Apresentação de Jesus ao Templo. Têmpera em madeira de Giovanni Bellini. Imagem/fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bellini_maria1.jpg |
A sagrada Família com um pássaro. Óleo sobre tela de Bartolomé Esteban Murillo Imagem/fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sagrada_Familia_del_pajarito_(Murillo).jpg |
Jesus em casa com a família. Óleo sobre tela de Sir John Everett Millais. Imagem: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Sir_John_Everett_Millais_002.jpg |
Jesus e sua mãe na fonte. Aquarela de James Tissot Imagem:
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Jesus escolhe os apóstolos Imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:The_disciples_chosen_and_sent_out.jpg |
Sermão da Montanha. Óleo sobre tela Carl Heinrich Bloch Imagem: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Bloch-SermonOnTheMount.jpg |
Jesus curando o cego nas proximidades de Jericó. Óleo sobre painel de Eustache Le Sueur Imagem/fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Eustache_Le_Sueur_003.jpg |
Flagelação de Cristo. Peter Paul Rubens Imagem/fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Flagellation-of-christ-_Rubens.jpg |
Jesus sendo pregado na cruz (detalhe). Óleo sobre tela de Michael Willmann. Imagem/fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Willmann_Jesus_being_nailed_to_the_cross_(detail).jpg |
A crucificação de Jesus por Jacopo Tintoretto. Imagem/fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jacopo_Tintoretto_-_The_Crucifixion_of_Christ_-_WGA22477.jpg |
A incredulidade de Tomé. Óleo sobre tela de Caravaggio. Imagem/fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Doubting_Thomas |
Efésus na Turquia. Foto Angel Salvador |
Turistas visitando o local difundido como da Casa da Virgem Maria. Efésus, Turquia. Foto Angel Salvador. |
Este obelisco situado no calçadão de Tiberíades mostra o formato do Lago de Tiberíades, ou Mar da Galiléia, ou Lago de Genesaré, ou Lago Kineret, etc, parecido ao de uma viola ou de uma pera. Trata-se de um reservatório natural de água doce formado pelo Rio Jordão que entra no lago a - 208,80 m e dele sai a - 213,00m em relação ao nível do Mar Mediterrâneo. O Rio Jordão nasce no Monte Hermon e deságua no Mar Morto. As dimensões máximas do lago são de 19kms de comprimento por 13 km de largura. A profundidade varia de 55 a 77m. Foto Ismael Gobbo |
Plantações e sistema de irrigação às margens do Mar da Galiléia em Cafarnaum, Israel. Foto Ismael Gobbo. |
Roma. O Coliseu e área do Fórum Romano e Palatino. Foto Ismael Gobbo |
Humberto de Campos, espírito que ditou, e, Francisco Cândido Xavier, o médium que psicografou o livro Boa Nova, da Editora FEB. |
Maria Callas - “Ave Maria” |
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Verdadeiras posses |
Ela acordou lembrando que era aniversário de seu filho. Ao buscar uma mensagem, que melhor pudesse traduzir o que seu coração desejava dizer a ele, encontrou um belo quadro, com letras bem desenhadas que dizia: Um dia a gente aprende que nada é meu, ou seu, ou nosso. Tudo é emprestado... Porque a única certeza que se tem é que mais cedo ou mais tarde, a vida vem e nos toma tudo de volta. Aquelas frases a fizeram meditar e logo pensou que seu filho não lhe pertencia. Nascera dela. Casara-se para construir sua família. E, um dia, a morte o levará da Terra e ela nada poderá fazer para retê-lo. Casada há meio século, pensou que o marido também não lhe pertencia. Um dia ele partirá. E ela não poderá evitar. Então, pensou na casa, no carro, nos bens do patrimônio familiar. Incrível, falou para si mesma. Também não lhe pertenciam porque embora documentados e com os impostos em dia, poderiam ser perdidos, em um evento qualquer. E, mesmo que isso não acontecesse, ao morrer, não os poderia levar consigo. Joias, terras, roupas, pertences valiosos que lhe haviam custado muito, não eram seus, em realidade. Concluiu, pensando, que tudo nos é emprestado nesta vida terrena. E, como tudo o que foi emprestado deve ser devolvido, também essas posses deverão retornar, um dia, ao seu verdadeiro dono. Mesmo guardando o enganoso sentimento de posse quanto ao ser amado ou qualquer pertence, mais cedo ou mais tarde, rindo ou chorando, eles sairão de nossas mãos, deixarão de ser nossos. O único Senhor de tudo e de todos é Deus, nosso Pai. Usufruímos do que nos cerca, mas nada possuímos de nosso. * * * Todos somos simples usufrutuários nesta vida. Vivemos na Terra, mas não somos da Terra. Nascemos de uma mãe, mas não somos parte dela. Respiramos para nos mantermos vivos e, embora recebamos esse ar naturalmente, da bondade divina, não o podemos armazenar, reter, adquirir. Trata-se de dádiva divina. A Terra nos oferece a água, os alimentos, seus frutos. Servimo-nos deles, passam por nossas mãos, mas não nos pertencem, senão de forma transitória. Como um empréstimo. Ao longo da vida nos tornamos filhos, irmãos, pais, tios, primos, sobrinhos, cônjuges, avós, netos, parentes... Porém, não somos de ninguém, e nem temos alguém como propriedade nossa. A amizade, o amor, o respeito, o carinho, até mesmo a inimizade, o desamor, o desrespeito, a ingratidão podem nos unir de formas variadas. Entretanto, nunca teremos a posse de algo ou de alguém. Em essência, somos donos unicamente das conquistas que fizermos no campo espiritual, isto é, da moral e do intelecto. Tudo que se relaciona com o amor e com o aprendizado serão propriedades nossas, desde que os conquistemos. Esses valores ninguém os rouba, nem a morte os retira. Dessa forma, o que nos cabe é aprendermos a amar sem distinção. A aprender tudo o que estiver ao nosso alcance, amealhando conhecimento. Virtudes, amor e sabedoria são e serão nossas verdadeiras e permanentes propriedades. Redação do Momento
Espírita.
Copiado do site Feparana) |
A morte e o avarento. Parte de um tríptico de Hieronymus Bosch. Imagem/fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hieronymus_Bosch_-_Death_and_the_Miser_-_Google_Art_Project.jpg |
O Bom Samaritano. Óleo sobre tela de Jacob Jordaens. Imagem/fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jordaens_Podhorce.jpg |
Programação: Outubro Mês de Kardec Evento on line |
Claudio Palermo Fundação Espírita André Luiz Locutor / Produtor TV Mundo Maior - Rádio Boa Nova Telefone: +55 (11) 2457-7000 / Ramal 4384 Acesse: www.tvmundomaior.com.br
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Mês Espírita de Aniversário do GEPAR- 29 anos Niterói, RJ |
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Transmissão
através do |
Novo programa “Mais Kardec” homenageou o Codificador |
O canal “Gênese” (pelo You Tube), da FEEAK de Belo Horizonte, em parceria com a Rede Amigo Espírita, estreiou o programa “Mais Kardec”. Às vésperas da data de nascimento do Codificador, no dia 2 de outubro, o convidado foi Antonio Cesar Perri de Carvalho, ex-presidente da USE-SP e da FEB, como entrevistador: Carlos Alberto Braga Costa. O assunto girou em torno das obras de Kardec e a atualidade. Link:
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Boletim Eletrônico da FEB- Federação Espírita Brasileira Brasília, DF |
ACESSE AQUI:
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Revista Espírita – Acesse a home page |
Acesse aqui: https://www.spiritistmagazine.org/
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32ª. Jornada de Confraternização Espírita de Rancharia |
(Informação recebida em emails de Francisco Atilio Arcoleze [atilio.arcoleze@gmail.com] e de Monica Domingues [monica.farmaceutica@gmail.com]) |
Outubro Programação BUSS- Londres, Reino Unido |
(Com informações de Elsa Rossi) |
USE/SP Fórum Doutrinário – Comunicações Mediúnicas |
(Informação recebida em email de Marco Milani [marcomilani7@gmail.com]) |
Correio Espírita Aniversário de Allan Kardec |
Acesse: https://campanha.correioespirita.org.br/a/o.php?e=Th-m&a=vKfMq&v=T5Q0zp
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Boletim do Grupo de Estudos Espíritas Chico Xavier São Paulo, SP |
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216 anos do nascimento de Kardec; O “Pai nosso” em vibrações; Cura, rituais, mãos em ação; Palestra sobre Emmanuel e Chico Xavier para o “Batuíra”; Revista espírita de Kardec prossegue; O que significa “pobres de espírito”; Novo programa “Mais Kardec” homenageou o Codificador; Entrevista: pandemia, livros, movimento nacional e internacional, união; Confiaremos
Artigo – 216 anos do nascimento de Kardec: http://grupochicoxavier.com.br/216-anos-do-nascimento-de-kardec/
Notícias: - O “Pai nosso” em vibrações: http://grupochicoxavier.com.br/o-pai-nosso-em-vibracoes/
- Cura, rituais, mãos em ação: http://grupochicoxavier.com.br/cura-rituais-maos-em-acao/
- Palestra sobre Emmanuel e Chico Xavier para o “Batuíra”: http://grupochicoxavier.com.br/palestra-sobre-emmanuel-e-chico-xavier-para-o-batuira/
Bibliografia – Revista espírita de Kardec prossegue: http://grupochicoxavier.com.br/revista-espirita-de-kardec-prossegue/
Estudo do Evangelho - O que significa “pobres de espírito”: http://grupochicoxavier.com.br/o-que-significa-pobres-de-espirito/
Vídeos - Novo programa “Mais Kardec” homenageou o Codificador: http://grupochicoxavier.com.br/novo-programa-homenageou-o-codificador-mais-kardec/
– Entrevista: pandemia, livros, movimento nacional e internacional, união: http://grupochicoxavier.com.br/entrevista-pandemia-livros-movimento-nacional-e-internacional-uniao/
Mensagem – Confiaremos: http://grupochicoxavier.com.br/confiaremos/
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“Contudo não basta nos detenhamos na fraseologia brilhante, no gesto sutil ou nas aparências elogiáveis para demonstrar assimilação do ensinamento transformador. Cristianismo não é somente a forma da civilização que nos propomos construir com Jesus” - Emmanuel
(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Construção do amor. Cap. Ante o Evangelho. São Paulo: CEU)
o0o Com fraternal abraço, Equipe GEECX
(Recebido em email de Grupo de Estudos Espíritas Chico Xavier [contato@grupochicoxavier.com.br]) |
Revista eletrônica semanal O Consolador Londrina, PR |
Acesse:
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Sociedade Espírita de Virginia EUA |
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Jornal Terceiro Milênio. Assis, SP. Solicite o envio por email |
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Purgativos da Alma |
Richard Simonetti
Contou-me um confrade que seu pai, dedicado farmacêutico, desses que colocam o ideal de servir acima do interesse de ganhar, era bem inspirado e sempre acrescentava algo aos medicamentos que vendia para pessoas desalentadas que procuravam ajuda. Além da oração e da confiança em Deus, recomendava-lhes que se colocassem diante do espelho e se pusessem a fazer caretas. Vendo o ridículo de tal situação, geralmente os pacientes acabavam por dar risadas, esse remédio maravilhoso para os estados depressivos. Dotado da sensibilidade dos que se preocupam com o próximo, o farmacêutico sabia ler as angústias que oprimem a alma humana, e, não raro, tomava medidas inusitadas, mas salvadoras, em favor dos fregueses. Certa feita atendeu pobre prostituta, amargurada, semblante depressivo, que se queixava da grande quantidade de ratos em sua residência. Queria um veneno poderoso para acabar com eles. O farmacêutico, adivinhando sua real intenção, preparou em envelope um poderoso laxante. A jovem passou três dias literalmente presa no sanitário. Quando houve condição para sair, foi à farmácia e pôs-se a xingar o farmacêutico, extremamente irritada. Logo, porém, caiu em lágrimas e agradeceu sua interferência providencial. A ideia do suicídio fora um repente, um momento de desespero. Aqueles dias de molho lhe permitiram repensar a sua vida, ajudando-a a tomar outro rumo.
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Muito interessante, caro leitor, a metodologia do farmacêutico, recomendando caretas diante do espelho. Há psicólogos que usam a terapia do riso. Receitam, a par de outras orientações, que os pacientes vejam filmes de Carlitos, do Gordo e o Magro, dos Irmãos Marx, dos Três Patetas e outros especialistas em comédias tipo pastelão, para desopilar o fígado. Não há tristeza que resista a boas gargalhadas. E não se trata de mera especulação ou fantasia, nem de mero condicionamento. Está demonstrado por pesquisadores que a risada libera endorfinas na corrente sanguínea, neurotransmissores que parecem possuir propriedades mágicas. Melhoram a memória, a resistência, o sistema imunológico, e… também o estado de espírito, favorecendo o abençoado bom humor. Portanto, leitor amigo, quanto mais riso, melhor. Em qualquer situação, antes rindo que chorando. Um companheiro recebia, sorridente, pessoas que compareciam ao velório de seu pai. Alguém advertiu: – Melhor você deixar de sorrir, pode pegar mal. E ele: – Meu pai estava com oitenta e nove anos. Lutava contra um câncer havia cinco anos. Sofria muito. O desencarne foi uma bênção para ele. Por que, portanto, demonstrar uma tristeza que não sinto? Pelo contrário. Estou muito feliz, porquanto ele enfrentou com coragem e dignidade sua provação. Certamente estará muito bem na Espiritualidade, junto aos nossos familiares que o precederam.
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Outro detalhe que merece nossa consideração, leitor amigo, é o purgante que nosso prezado farmacêutico deu à jovem. Doenças, dificuldades, contratempos, problemas que nos chegam e que no aborrecem tanto, funcionam na maior parte das vezes, como autênticos depurativos da alma, evitando que nos comprometamos em desvios perigosos. Estivéssemos sempre conscientes disso e haveríamos de enfrentá-los com serenidade, confiantes em Deus, dispostos ao esforço do Bem, sem reclamações e sorrindo sempre, liberando as mágicas endorfinas, para jamais perdermos a capacidade de ser felizes, mesmo na adversidade.
Excerto do livro SAÚDE DA ALMA – Richard Simonetti
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Foto publicitária docurta-metragem Desordem no Tribunal de The Three Stooges . Copyright Columbia Pictures , 1936. Usado para ilustrar o filme que está sendo descrito. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Three_Stooges
The Three Stooges (no Brasil, Os Três Patetas; em Portugal, Os Três Estarolas) foi um grupo cômico norte-americano do século XX, em atividade desde 1922 até 1970, mais conhecido por seus numerosos curtas-metragens. Sua comicidade era marcada pela extrema comédia pastelão e farsa física. Leia mais: |
O exercício da cidadania pelo Espírita |
*Aylton Paiva – paiva.aylton@terra.com.br
Novamente aproximamo-nos do período eleitoral. Nesta oportunidade, deverão ser escolhidos os componentes do Poder Legislativo Municipais – os Vereadores e os dirigentes do Poder Executivo Municipais – os Prefeitos. E nós cidadãos temos que exercer o nosso Poder de Cidadania. Mas o que é cidadania? Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, por parte dos seus cidadãos, que são as pessoas que compõem a nação. A ação de cidadania é a pessoa se comportar adequadamente no exercício dos seus direitos e no cumprimento dos seus deveres. Aprática consciente da cidadania permite a organização de uma sociedade mais justa e solidária. Entre os direitos políticos do cidadão ouda cidadã está o de votar para escolher os governantes, conforme estabelece o artigo 14, §1º da Constituição República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988. Para votar o eleitor precisa saber fazer a escolha do candidato para o cargo pretendido, então ele deve ter o mínimo conhecimento sobre a política e sobre a vida do candidato, principalmente quanto à competência e a honestidade. Sobre a política precisa saber que a palavra tem vários e diferentes significados. Política: a ciência e a arte da administração justa para o Bem comum. Política partidária: organização de agremiações políticas com determinados objetivos e formas de atuação estabelecidos em um estatuto. Política partidária administrativa – atuação de membros de um partido político, eleitos pelo povo, para o exercício de cargos nos Poderes Legislativo e Executivo, nos três níveis: municipal, estadual e federal. “Politicalha”: a utilização do cargo político exercidos nos poderes municipais, estaduais e federal de forma ilegal e criminosa em seu próprio interesse ou de grupos criminosos a que pertence ou se conecta. São os maus políticos, traidores do povo, desvirtuando o poder que lhe foi conferido para que o exercessem na esfera legislativa ou executiva para o Bem comum. Infelizmente quando se fala em política, de imediato há a ligação com a “politicalha”, pela repugnância que ela causa a todos os cidadãos descentes. Essa indignação é saudável, mas precisa se converter em ações de conscientização para evitar que os maus assumam o poder. Aí entra o poder do voto de cada pessoas e a lúcida escolha do candidato honesto, competente e dedicado à melhoria da sociedade. Qual deve ser o posicionamento do espírita? Se ele leu, ou melhor, estudou as Leis Morais, 3ª Parte de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, tem critérios para ser bom eleitor e, também, ser consciente e responsável candidato a cargos eletivos, se fez essa opção. Disseram os Mentores Espirituais na questão nº573, do supra citado livro, ante a pergunta de Kardec: Em que consiste a missão dos Espíritos encarnados? Resposta: “Em instruir os homens, em lhes auxiliar o progresso; em lhes melhorar as instituições, por meios diretos e materiais”. Portanto, o espírita não deve se omitir em ajudar o progresso e melhorar as instituições por meios diretos e materiais.
*O autor é funcionário público aposentado, foi diretor técnico da Câmara Municipal de Lins, diretor da Casa dos Espíritas, em Lins, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, autor do livro Espiritismo e Política – Contribuições para a evolução do ser e da sociedade, ed. Federação Espírita Brasileira.
(Recebido em email de Aylton Paiva) |
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